Operação mira esquema de lavagem de dinheiro e cumpre mandado em Bertioga
Por Santa Portal em 25/09/2025 às 10:00
A Receita Federal deflagrou, nesta quinta-feira (25), a Operação Spare, que teve Bertioga, no litoral de São Paulo, como um dos alvos de mandado de busca e apreensão. A ação é desdobramento da Operação Carbono Oculto, considerada a maior da história do país e que investiga a atuação de uma organização criminosa no setor de combustíveis. Os investigados são suspeitos de lavagem de dinheiro e ocultação patrimonial por meio de postos, empreendimentos imobiliários, motéis e franquias.
Ao todo, foram cumpridos 25 mandados de busca e apreensão em diferentes cidades: São Paulo (19), Santo André (2), Barueri, Campos do Jordão, Osasco e Bertioga. A ação mobilizou 64 servidores da Receita Federal, 28 integrantes do Ministério Público de São Paulo, por meio do Gaeco, além de representantes da Secretaria da Fazenda e cerca de 100 policiais militares.
O principal alvo da operação, segundo a Receita, é apontado como operador de uma extensa rede de postos usada para lavagem de dinheiro e sonegação fiscal. A estrutura reunia centenas de estabelecimentos formalmente controlados por empresas ligadas a um único prestador de serviço. Entre 2020 e 2024, ao menos 267 postos ainda ativos movimentaram R$ 4,5 bilhões, mas recolheram apenas R$ 4,5 milhões em tributos federais, valor correspondente a 0,1% do total movimentado.
Além dos postos, o grupo também utilizava franquias, motéis e imóveis para mascarar a origem do dinheiro. De acordo com os dados levantados, mais de 60 motéis funcionavam em nome de laranjas, com movimentação de R$ 450 milhões em quatro anos. Parte do lucro era reinvestido na compra de bens de luxo, como helicópteros, iates e carros de alto padrão, além de terrenos avaliados em mais de R$ 20 milhões.
Na Baixada Santista, as investigações apontaram ainda o uso de sociedades em conta de participação (SCP) para a construção de empreendimentos imobiliários em Santos durante a década de 2010. Apenas entre 2020 e 2024, ao menos 14 empreendimentos ligados aos investigados movimentaram R$ 260 milhões.
Outro ponto é a manipulação de declarações de Imposto de Renda. Investigações revelaram retificações feitas em declarações antigas, próximas do prazo de decadência, com inclusão de bens de alto valor sem a correspondente declaração de rendimentos ou pagamento de impostos. Esse método teria permitido a elevação irregular do patrimônio informado em cerca de R$ 120 milhões.
A “Operação Spare” também identificou conexões com outras grandes ações contra o crime organizado, incluindo a “Rei do Crime” e a própria “Carbono Oculto”. As ligações incluem negócios compartilhados, uso de aeronaves e transações imobiliárias entre investigados.