Apreensão em casas de azar em Santos resultou em megaoperação contra o crime organizado

Por Santa Portal em 26/09/2025 às 10:00

Divulgação/Receita Federal
Divulgação/Receita Federal

A apreensão de máquinas de cartão de crédito em duas casas de azar em Santos, no litoral de São Paulo, resultou no início da investigação que originou a Operação Spare, deflagrada nesta quinta-feira (25). A ação é desdobramento da Operação Carbono Oculto, considerada a maior da história do país e que investiga a atuação de uma organização criminosa no setor de combustíveis, casas de apostas e setor hoteleiro.

As casas de azar estavam localizadas na Rua da Paz, no Boqueirão, e na Rua Euclides da Cunha, no Gonzaga, conforme apurado pela Folha de São Paulo. Os investigados na operação são suspeitos de lavagem de dinheiro e ocultação patrimonial por meio de postos, empreendimentos imobiliários, motéis e franquias.

Na investigação, também há registros de que o líder do Primeiro Comando da Capital (PCC) no litoral de São Paulo, Wagner Ferreira da Silva, o Cabelo Duro, teria se encontrado com o empresário Flávio Silvério Siqueira, um dos alvos da operação, em uma casa em Itu, no interior paulista.

A defesa do empresário, ouvida pela Folha de São Paulo, afirmou que seu cliente não tem qualquer envolvimento com o crime organizado e que é alvo de uma perseguição dos órgãos de investigação.

*Com informações da Folha de SP

Empreendimentos imobiliários em Santos são alvos

Ainda na Baixada Santista, as investigações apontaram o uso de sociedades em conta de participação (SCP) para a construção de empreendimentos imobiliários em Santos durante a década de 2010. Apenas entre 2020 e 2024, ao menos 14 empreendimentos ligados aos investigados movimentaram R$ 260 milhões.

Ao todo, foram cumpridos 25 mandados de busca e apreensão em diferentes cidades: São Paulo (19), Santo André (2), Barueri, Campos do Jordão, Osasco e Bertioga. A ação mobilizou 64 servidores da Receita Federal, 28 integrantes do Ministério Público de São Paulo, por meio do Gaeco, além de representantes da Secretaria da Fazenda e cerca de 100 policiais militares.

O principal alvo da operação, segundo a Receita, é apontado como operador de uma extensa rede de postos usada para lavagem de dinheiro e sonegação fiscal. A estrutura reunia centenas de estabelecimentos formalmente controlados por empresas ligadas a um único prestador de serviço. Entre 2020 e 2024, ao menos 267 postos ainda ativos movimentaram R$ 4,5 bilhões, mas recolheram apenas R$ 4,5 milhões em tributos federais, valor correspondente a 0,1% do total movimentado.

Além dos postos, o grupo também utilizava franquias, motéis e imóveis para mascarar a origem do dinheiro. De acordo com os dados levantados, mais de 60 motéis funcionavam em nome de laranjas, com movimentação de R$ 450 milhões em quatro anos. Parte do lucro era reinvestido na compra de bens de luxo, como helicópteros, iates e carros de alto padrão, além de terrenos avaliados em mais de R$ 20 milhões.

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