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26/04/2025

Apenas 40% dos manguezais da Baixada Santista apresentam bom estado de conservação

Por Maria Clara Pasqualeto em 26/04/2025 às 06:00

Reprodução/Mídia CBHBS
Reprodução/Mídia CBHBS

Somente 40% dos 70km² de manguezais da Baixada Santista encontram-se em bom estado de conservação, aponta estudos da Companhia de Saneamento Ambiental (Cetesb). Dentro dessa área há três espécies diferentes de árvores, segundo o Comitê da Bacia Hidrográfica da Baixada Santista (CBH-BS).

Cubatão, inclusive, mostra a área mais degradada da região: apenas 17% dos 29km² da vegetação original apresentam um estado saudável. Entenda a importância dos manguezais abaixo.

O que são os manguezais?

O biólogo e professor da Unisanta (Universidade Santa Cecília), Fábio Giordano, explica que o manguezal é uma vegetação que possui poucas espécies de árvores, mas que apresenta uma grande importância ambiental.

“Um manguezal é uma vegetação costeira, com características de áreas com salinidade variável (mistura de água do mar e agua dos rios pela movimentação das marés). Possui uma importante função ecológica em estabelecer uma produtividade na fotossíntese (processo pelo qual um organismo consegue obter seu alimento) das árvores, que reflete no início de uma complexa teia alimentar e suporte ecológico para outras espécies como aves e crustáceos. Também é importante do ponto de vista físico, pois auxilia a manter a linha de costa, evitando-se, assim, as erosões (processo de degradação do solo) e o assoreamento dos canais estuarinos (acúmulo de sedimentos, como areia, argila, etc.) que emolduram”.

Importância de preservação na Baixada Santista

Sobre a importância da vegetação na região, Giordano continua destacando seu impacto nos canais, contribuindo na navegação e estabilização de nutrientes.

“A Baixada Santista possui muitos canais rasos, com curvas sinuosas. A presença do manguezal é fundamental para que estes canais continuem navegáveis, pois o ecossistema ajuda a evitar a erosão. As árvores do manguezal, também, exercem uma importante função na região, ao auxiliar a depurar o esgoto, que ainda é lançado nas águas estuarinas sem tratamento, de modo a acelerar e estabilizar o ciclo de nutrientes como o do fósforo e do nitrogênio”.

Riscos

Considerando o caráter fundamental do ecossistema, tanto no Brasil e quanto no mundo, o docente ressalta que, caso não haja a proteção adequada, muitos riscos podem ser desencadeados, como degradação e escassez de questões sanitárias.

“Corremos o risco de ter que utilizar com maior frequência os processos de dragagem artificial (remoção de sedimentos e outros materiais) dos canais, para que continuem navegáveis. Além disso, outro risco é de não transformar completamente os elementos químicos orgânicos que chegam aos estuários sem tratamento”.

O professor acrescenta que outros fatores que podem prejudicar a vegetação se mostram na urbanização e, até mesmo, no turismo e expansão portuária.

“A urbanização afetaria de modo positivo, pois subtende-se que haveriam obras de drenagem e consolidação do solo bem, facilitando a coleta de resíduos sólidos e o tratamento dos esgotos. No entanto, o que possuímos hoje tomando conta dos manguezais são moradias, palafitas crescendo desordenadamente sobre o estuário e sobre os manguezais e a linha de costa, que não possuem condições sanitárias mínimas, nem qualquer tipo de semelhança com a urbanização racional das cidades.

“O turismo desordenado traz para o litoral muitos resíduos sólidos (sacos plásticos, latas e garrafas), o qual, com o movimento de subida das marés, é levado até o fundo dos estuários, onde se encontram os bosques de manguezal e também impacta a vida marinha associada aos manguezais. A expansão portuária, também, pode trazer impacto aos manguezais uma vez que as áreas onde se encontram os atracadouros originalmente eram áreas de florestas de manguezal, que foram suprimidas e posteriormente aterradas e concretadas”, finaliza Giordano.

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