Bebê reborn vira febre e gera polêmica nas redes sociais; entenda riscos
Por Maria Clara Pasqualeto em 24/05/2025 às 12:00

Os bonecos conhecidos popularmente como “bebês reborn” viralizaram na internet após suas supostas mães realizarem festas de aniversário, levarem-nos à UPA, entre outros acontecimentos considerados “absurdos” nas redes sociais. De fato, os ‘reborns’ se assemelham a bebês humanos: usam fralda, ‘mamam’, trocam de roupa, andam de carrinho… contudo, especialistas alertam riscos potenciais que as discussões on-line podem gerar. Entenda os riscos dos bebês reborn abaixo.
A trend
Mais do que os supostos cuidados com os bonecos. A psicóloga Allana Alaion explica que, na realidade, é necessário analisar os motivos da criação de conteúdo quanto ao bebê reborn, além de seu sucesso nas mídias sociais.
“É um assunto delicado, mas não que seja de fato um fenômeno que a gente vem trabalhando, olhando e pensando como uma questão patológica ou psíquica. Na verdade, o que temos é a viralização do assunto. Acho que mais do que falar sobre a boneca em si, temos de pensar no que está por trás disso: não há nenhum indício de fato que justifique, ou seja, que mostre que esses casos de disputas judiciais, vagas em hospitais e assentos preferenciais aos bonecos sejam reais. Isto é, são conteúdos criados para viralizar”.
Do mesmo modo, Allana menciona o “alimento” contínuo à discussão. Isto é, ela ressalta que outros assuntos são mais importantes a serem analisados, porém, o incômodo e choque causados pelos reborns resultaram em um espaço maior nas redes sociais, ofuscando outras problemáticas.
“O que vemos são certos assuntos viralizando e sendo comentados o tempo inteiro. Porém, no caso do bebê reborn, não é algo de fato algo que estamos trabalhando no campo da psicologia. Além desse rebuliço, podemos pensar no porquê de tanto incômodo e choque em pensar nessas mulheres, nessas pessoas que realmente compram essas bonecas, e que podem até vesti-las e ocupar um espaço para os ‘bebês’ no dia a dia. Por que isso choca tanto? Por que associamos isso a questões de saúde mental, enquanto temos diversos outros fenômenos muito mais urgentes, que há anos circulam na internet, e não causaram a mesma discussão? O bebê reborn vira ‘uma cortina de fumaça’ a outras questões fundamentais”.
Cuidados
Por fim, a psicóloga destaca que se deve ter cuidado com a atenção excessiva colocada na polêmica.
“O que estamos produzindo de narrativa é que as mulheres que compram e criam conteúdos sobre as bonecas são ‘loucas’. E que, portanto, elas precisam de uma intervenção psiquiátrica. Rapidamente, transformamos isso em um discurso de loucura e aprisionamento. Precisamos tomar cuidado com isso, porque uma história tem muitas camadas. O que estamos vendo sobre o bebê reborn é uma camada de viralização, um conteúdo feito para monetização nas redes sociais. Então, temos que tomar cuidado com a ‘luz’ que damos para essa situação. Estamos reforçando uma discussão de patologização de mulheres. Não é só a boneca, tudo que colocamos no lugar de contato com outro ser humano, é problemático. Enquanto sociedade, temos que nos preocupar com isso”.