Prefeitura e sindicato dialogam para atender pedidos da greve que afeta 30 escolas em São Vicente
Por Santa Portal em 09/04/2025 às 10:00

O impasse entre a Prefeitura de São Vicente e o Sindicato dos Trabalhadores no Magistério e na Educação Municipal (Sintramem) indicou uma possível resolução nesta terça-feira (8), quarto dia da greve deflagrada pelos profissionais da educação. Apesar de uma leve redução na adesão ao movimento grevista, conforme informou a administração municipal, as aulas em ao menos 30 escolas da rede municipal continuaram comprometidas. O quinto dia de manifestações iniciou-se com uma carreata pelas principais ruas da cidade. O buzinaço começou na Praça Bernardino de Campos, às 8h. (Veja no vídeo abaixo).
De um lado, o sindicato mantém o movimento, alegando que os profissionais reivindicam melhores condições de trabalho, valorização salarial e maior diálogo com o poder público. Do outro, a prefeitura destaca os avanços salariais dos últimos anos e a dificuldade orçamentária agravada pela queda nos repasses federais.
Em meio ao impasse, uma reunião realizada nesta terça entre representantes do Sintramem e o secretário de Gestão, Yuri Camara Batista, sinalizou uma possível reabertura do diálogo. De acordo com o sindicato, o gestor apresentou dados e comprometeu-se a retomar as conversas com mais informações na próxima rodada de negociação, marcada para esta quarta-feira (9), às 15h, na Prefeitura. Aliás, os manifestantes se aglomerarão a partir das 14h, em frente ao Paço.
Prefeitura e sindicato dialogam para atender pedidos de greve que afeta 30 escolas em São Vicente
— #Santaportal (@Santaportal1) April 9, 2025
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No entanto, em nota enviada ao Santa Portal, a Prefeitura de São Vicente reafirmou que o sindicato está descumprindo a decisão judicial que determina a manutenção de pelo menos 70% dos profissionais da educação em atividade durante o movimento grevista. A administração já solicitou providências legais junto à Justiça para minimizar os impactos da paralisação na rotina de crianças e suas famílias.
O governo municipal também reforçou que, desde 2021, os profissionais da educação receberam um reajuste acumulado de 45%, índice acima da inflação no período. A prefeitura justificou ainda que, diante da redução de 6% nos repasses federais para a área da educação em 2025, não há espaço no orçamento para novas propostas salariais sem comprometer os pagamentos regulares e os investimentos nas unidades escolares. Contudo, segue aberta para ouvir a categoria e pensar em outras melhorias de cunho não econômico.
“Mesmo com as receitas em queda desde 2023, honramos o aumento do professor. Basta olhar. O município pagava por aula R$ 16 quando entrei. Hoje já paga quase R$ 24. Também nunca atrasamos salários, o que era comum antigamente. É claro que queremos avançar mais, mas precisamos que os recursos venham. Se não, corremos o risco de atrasar salários, e isso eu não aceito”, declarou o prefeito Kayo Amado (Podemos).
O sindicato, por sua vez, defende que a mobilização é legítima diante da defasagem salarial acumulada ao longo dos anos e das condições de trabalho precárias enfrentadas por muitos profissionais da rede. A categoria cobra reajustes financeiros, investimentos em infraestrutura escolar, segurança nas unidades e valorização dos profissionais da educação de forma ampla.
Nova audiência de conciliação
O presidente do Sintramem, Roberto Cicarelli Filho, se manifestou sobre o não comparecimento da entidade à audiência de conciliação agendada para a tarde da última quinta-feira (3), no Tribunal de Justiça. Aliás, o sindicato comprometeu-se a participar da nova sessão, marcada para a próxima terça-feira (15), a ser realizada remotamente.
Em resposta, o sindicalista explicou que a ausência na audiência inicial se deu pela falta de tempo hábil entre a notificação e a realização do encontro. “Fomos notificados durante a manhã, em pleno dia de greve, e a audiência já estava marcada para o período da tarde. Como já havia programação, não foi possível o comparecimento”, justificou, após se reunir com o departamento jurídico do sindicato para tratar do processo judicial referente ao dissídio de greve.
Cicarelli Filho também abordou a questão do não cumprimento da determinação judicial para a manutenção de pelo menos 70% dos profissionais da educação em atividade durante durante a greve. Segundo o sindicato, diante da ausência na primeira audiência, a Prefeitura de São Vicente tentou elevar o percentual para 80%. Além disso, o Executivo solicitou um aumento na multa aplicada ao Sintramem em caso de descumprimento da decisão judicial. No entanto, os pedidos foram rejeitados.