27/11/2025

MPF denuncia 11 pessoas entre empresário e influenciadores da Operação Narco Bet

Por Eduardo Velozo Fuccia/Vade News em 27/11/2025 às 14:51

Ingrid Ohara e T10 (à esq.), Rodrigo Morgado (meio) e  Buzeira (à dir.)
Ingrid Ohara e T10 (à esq.), Rodrigo Morgado (meio) e Buzeira (à dir.)

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou perante a 6ª Vara Federal de Santos (SP) 11 pessoas (veja quem são no final do texto) por supostamente participarem de esquema de lavagem de milhões de reais oriundos do tráfico internacional de drogas por via marítima.

A rede criminosa foi desmantelada pela Polícia Federal (PF) durante a operação batizada de Narco Bet. Esse nome decorre do uso de casas de apostas e de rifas ilegais no branqueamento de capitais, embora empresas fictícias também tenham sido utilizadas. Segundo o MPF, Rodrigo de Paula Morgado coordenava o esquema.

“Valendo-se de sua formação contábil e de sua experiência na constituição e manipulação de pessoas jurídicas, assumiu papel de liderança e de comando operacional sobre os núcleos financeiro e documental do grupo, controlando o fluxo de capitais sob diversas camadas de dissimulação”, detalha a denúncia sobre as funções de Morgado.

Próspero empresário de Santos, Morgado, de 30 anos, está preso preventivamente desde 14 de outubro. Nessa data, outros alvos da Narco Bet foram capturados e, com o respaldo de mandados de busca e apreensão, tiveram os seus endereços vistoriados por agentes da PF nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Um desses alvos é o influenciador digital Bruno Alexssander Souza Silva, o Buzeira. A ligação dele com o empresário santista ficou bastante evidenciada nas investigações. Há referência de a empresa Buzeira Digital ter recebido R$ 19.778.343,00, transferidos diretamente por Morgado.

Na mira da PF e agora também denunciado está o casal de influenciadores digitais Tácio Leonardo Costa Dominguez, o T10, e Ingrid Ohara Silva Nogueira. Esses acusados receberem valores expressivos provenientes das contas operadas por Morgado, conforme a inicial acusatória, que é assinada por quatro procuradores da República.

Ingrid recebeu mais de R$ 9 milhões em um único ano, “quantia absolutamente incompatível com suas atividades lícitas declaradas”, destaca a denúncia. As entradas demonstram fragmentação, movimentação veloz e rápida evasão dos recursos, elementos classicamente associados a mecanismos de integração na lavagem de capitais.

T10 recebeu valores menores que os da mulher, mas que destoam de sua capacidade econômica, “evidenciando que seu papel se alinhava à dissimulação patrimonial do núcleo a que estava vinculado”, aponta o MPF. O influenciador promovia empresas de apostas em suas redes sociais chegou a criar a sua própria.

Entenda o caso

A Narco Bet é um desdobramento da Operação Narco Vela, que foi deflagrada para apurar a atuação de organização criminosa estruturada voltada ao tráfico internacional de entorpecentes, com uso de embarcações marítimas, comunicação por satélite e apoio logístico empresarial.

Para investigar os crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa derivados da Narco Vela, a PF desencadeou a Narco Bet, “que revelou a existência de um arranjo criminoso complexo, funcionalmente dividido e voltado à circulação sistemática de valores ilícitos”, de acordo com a denúncia.

“O grupo atuava de forma organizada e profissionalizada, com domínio técnico sobre múltiplos instrumentos de ocultação patrimonial, utilizando-se de estruturas empresariais artificiais, contas sobrepostas, carteiras de criptoativos, documentos ideologicamente falsos e mecanismos de simulação contábil”, explica o MPF.

De acordo com os procuradores da República Anderson Vagner Gois dos Santos, Gustavo Moysés da Silveira, Thiago Lacerda Nobre e Tito Livio Seabra, a autoria delitiva dos fatos ficou “amplamente demonstrada” com as quebras de sigilo telemático, bancário e fiscal dos investigados, os laudos periciais e os extratos de operações em criptomoedas.

A PF apurou que Morgado recebeu crédito superior a R$ 87 milhões em operações com criptomoedas. Entre os anos de 2022 e 2023, apresentou variação patrimonial de R$ 295.882,27 para R$ 7.965.157,94. Entre os anos de 2019 e 2024, o empresário realizou movimentação financeira, a crédito e a débito, no montante de R$ 313.427.616,49.

Os denunciados

Rodrigo de Paula Morgado, Bruno Alexssander Souza Silva, o Buzeira; Ingrid Ohara Silva Nogueira, Tácio Leonardo Costa Dominguez, o T10; Davidson Praça Lopes, Lucas Pinheiro, Fernando Silva Abreu Costa, Francisco Rafael Rodrigues da Silva, Arthur Gabriel Censi, Guilherme Brasil Barcellos e Thaina Hilário da Silva são os denunciados.

O MPF atribuiu ao grupo os crimes de lavagem de dinheiro e de integrar organização criminosa. Morgado, T10 e Fernando Costa ainda foram denunciados por falsificação de documento público, em razão da fabricação e utilização de documentos adulterados para a constituição das pessoas jurídicas empregadas no esquema de ocultação patrimonial.

*Texto por Eduardo Velozo Fuccia/Vade News

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