Novas vias de acesso expõem gargalos e oportunidades infraestruturais no Porto de Santos
Por Rodrigo Cirilo em 28/08/2025 às 18:08
A construção da terceira faixa da Rodovia dos Imigrantes, o túnel Santos-Guarujá, os investimentos em ferrovias e nas vias internas do complexo portuário, além da concessão do canal, aqueceram o debate no quarto painel do IX Congresso de Direito Marítimo e Portuário – ABDM, realizado nesta quinta-feira (28) no Hotel Sheraton, na Aparecida, em Santos, no litoral de São Paulo.
Um dos principais tópicos discutidos foi a esperada ligação entre o planalto e o Porto de Santos, especialmente com a implantação da terceira faixa da Rodovia dos Imigrantes. Moderado por Natalie Nanini, diretora de Jornalismo do Sistema Santa Cecília de Comunicação, o painel contou com a participação de Ronald Marangon, diretor superintendente da Ecovias Imigrantes, que detalhou o projeto e as obras, previstas para serem concluídas até 2031.
O projeto foi autorizado pela Secretaria de Parcerias em Investimentos (SPI) e terá um impacto significativo na mobilidade da região. A nova pista, que se estenderá por 21,5 quilômetros, será composta majoritariamente por túneis – 17 quilômetros (cerca de 80% do trajeto) — e por 4 quilômetros de viadutos.
O novo traçado proporcionará uma conexão mais ágil às margens do Porto de Santos. O projeto aumentará a capacidade do sistema em 25% no total e em 145% para o tráfego de veículos pesados na descida para o Porto. “Estamos trabalhando para valorizar o potencial de exportação, importação e turismo da Baixada Santista. Recebemos esse grande desafio do Governo do Estado em janeiro de 2024, e estamos realizando um trabalho de engenharia de nível internacional”, disse Marangon.
O representante da Ecovias ressaltou que, apesar dos desafios, a previsão é de que o projeto seja entregue no primeiro semestre de 2026. “Esse projeto vai elevar a infraestrutura rodoviária a um novo patamar, assim como a segunda pista da Imigrantes, inaugurada em 2002”, comparou.
Atualmente, a fase de elaboração do projeto executivo, licenciamento ambiental e estudos está em andamento, com previsão de entrega da obra em cinco anos. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) já manifestou a intenção de iniciar a obra no final de 2026, com conclusão prevista para 2032.
“Se não tivermos uma infraestrutura adequada, prejudicamos a capacidade de produção. Com a execução dessas obras, aumentaremos o número de veículos pesados na cidade, então precisamos pensar em soluções para minimizar a emissão de CO2,” ponderou Fabio Siccherino, CEO da DP World Brasil.
‘Nós desatados’ no Porto de Santos
O presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini, destacou os “nós desatados” no Porto de Santos, com ênfase no túnel imerso Santos-Guarujá. Considerada uma obra estratégica para a mobilidade urbana e a logística portuária, o túnel tem o objetivo de aliviar o tráfego de caminhões, reduzir o tempo de deslocamento entre as margens e melhorar a integração do complexo logístico.
Pomini também discutiu os avanços nos estudos de viabilidade, os entraves orçamentários e a importância da colaboração entre os diferentes níveis de governo para viabilizar o projeto. “Hoje posso dizer que o gigante acordou. Todos os nós foram desatados, alguns com 100 anos de atraso, como o túnel Santos-Guarujá, outros com 14, como o aprofundamento do canal, e outros com 40, como o Parque Valongo”, afirmou Pomini.
Outro ponto central da discussão foi a necessidade de reorganizar as vias internas do Porto de Santos. Com o aumento constante do volume de cargas e a ampliação da capacidade dos terminais, os acessos viários internos têm se tornado um ponto crítico.
O secretário de Assuntos Portuários e Emprego da Prefeitura de Santos, Bruno Orlandi, mencionou investimentos e obras na Alemoa, destacando a importância do diálogo entre os diferentes níveis de governo para resolver os desafios. “Os desafios precisam ser dialogados e resolvidos,” afirmou Orlandi, enfatizando as parcerias necessárias para avançar com as melhorias.
O CEO da Ferrovia Interna do Porto de Santos (Fips), João Almeida, apresentou o cronograma de entrega da pera ferroviária, prevista para agosto de 2026. “Sem ela, não podemos crescer. Guarujá também terá um boom ferroviário, com a construção de pátios. Nosso objetivo é passar de 50 milhões de toneladas para 115 milhões de toneladas até 2030, e já estamos adiantados em várias obras”, explicou Almeida, pontuando a importância da ferrovia para desafogar as rodovias.
Os debatedores, incluindo Marcelo Neri, presidente da Fenamar, Ivam Jardim, consultor portuário, Flavio da Rocha Costa, diretor da Eldorado Brasil Logística, reforçaram a urgência de investimentos em infraestrutura urbana conectada à operação portuária, destacando a necessidade de sistemas inteligentes de controle logístico e tráfego para otimizar a movimentação de cargas.
IX Congresso de Direito Marítimo e Portuário – ABDM
O IX Congresso de Direito Marítimo e Portuário – ABDM é uma realização da Associação Brasileira de Direito Marítimo (ABDM – Seccional de São Paulo), Sistema Santa Cecília de Comunicação e Universidade Santa Cecília (Unisanta). O evento tem patrocínio da Brasil Terminal Portuário, Centro Nave, Santos Brasil, Sopesp, Eldorado Brasil, Praticagem de São Paulo, Marimex, Ecoporto Santos, Ciesp Fiesp, Terminal Concais, DP World, Fenamar, Associação Brasileira dos Terminais e Contêineres, ATP Portos Privados, ABTP, Abtra, Fenop e Autoridade Portuária de Santos (APS).
Apoio: Sammarco Advogados, Escritório Jurídico Carbone, Cris Wadner, Kincaid | Mendes Vianna Advogados, Salomão Advogados, LP LAW | Lopes Pinto, Pedro Calmon Filho & Associados, Proinde, Revoredo Advocacia, Mattos Filho e Reis Braun Regueira Advogados.