Veterinária recupera visão de cachorro em Itanhaém com lente de contato humana

Por Beatriz Pires em 09/11/2025 às 07:00

Reprodução/ Instagram
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A veterinária oftalmologista Laís Belli mostrou como a oftalmologia tem se aproximado dos recursos da medicina humana ao utilizar uma lente de contato terapêutica para restaurar a visão de um cachorro em Itanhaém. O procedimento ainda pouco conhecido entre tutores, mas cada vez mais presente nos consultórios especializados, vem transformando a recuperação de animais com lesões oculares. 

Laís Belli ganhou destaque após tratar um cachorro da raça Shih Tzu utilizando uma lente de contato humana. O animal chegou ao hospital onde ela trabalhava sem visão, com apenas cinco anos de idade. A cirurgia seria o tratamento mais indicado, mas os altos custos levaram à sugestão da lente, sem garantia de resultado. O cão reagiu muito bem: voltou a ter reflexos em apenas dez de uso e, cinco dias depois, pôde retirar a lente. O processo de cicatrização continuou com o uso de colírios e não deixou sequelas.

“É uma técnica que se tornou mais popular nos últimos dois anos. Alguns profissionais ainda têm receio, especialmente se tiveram experiências em que a lente se deslocou ou não permaneceu no lugar. Mas, quando bem aplicada, traz ótimos resultados”, afirma a Laís, que se declara “fã da técnica”.

De acordo com a profissional responsável pelo procedimento, a lente de contato atua como uma barreira de proteção, ajudando a tornar o olho mais confortável e prevenindo o atrito das pálpebras sobre a área lesionada. 

Existem dois tipos principais de lentes utilizadas na veterinária: a lente específica para animais, que têm marcações visíveis e facilita a avaliação do posicionamento, e a lente humana, feita do mesmo composto, mas totalmente transparente. As duas têm o mesmo objetivo, mas a veterinária destaca que a versão própria para pets é mais prática, e também mais cara. O tempo médio de uso da lente é de 15 dias, podendo ser estendido em casos específicos. 

Por conta da anatomia, os cães são os principais pacientes que recebem esse tipo de tratamento, embora também possa ser aplicado em gatos. Os tutores devem ficar atentos a sinais sutis de desconforto ocular, como lacrimejamento excessivo, secreção, olhos semicerrados ou vermelhidão. 

“Esses sintomas, que muitas vezes passam despercebidos, já são um grande alerta para nós. O ideal é procurar um oftalmologista veterinário o quanto antes, principalmente no caso de raças de focinho curto, que têm maior predisposição a problemas oculares”, orienta.

Apesar de eficiente, o uso da lente não é indicado em todos os casos. Algumas lesões exigem tratamento cirúrgico. Em situações muito extensas, em que o corpo não consegue se regenerar sozinho, é necessário fazer enxertos. A lente é uma alternativa temporária ou complementar, mas não substitui a cirurgia quando ela é indispensável.

“Muitas pessoas não sabem que existe oftalmologia veterinária. Saber que os animais podem ter acesso aos mesmos recursos tecnológicos da medicina humana é muito gratificante. Isso representa um avanço enorme para a medicina veterinária na região e no país”, conclui Laís.

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