Juiz revoga prisão de ‘mula’ de Guarujá presa com drogas na bagagem após chegar de Paris

Por Eduardo Velozo Fuccia/Vade News em 17/09/2025 às 16:00

Divulgação/Polícia Civil
Divulgação/Polícia Civil

Uma mulher autuada em flagrante por tráfico internacional, porque transportou drogas em sua bagagem em um voo Paris-São Paulo, teve a sua prisão preventiva revogada, a pedido da defesa, pelo juiz Vitor Burgarelli Campos Melo, da 6ª Vara Federal de Guarulhos (SP). O Ministério Público Federal (MPF) não se opôs ao requerimento.

Conforme o julgador, o delito imputado à investigada não tem por elementar violência ou grave ameaça à pessoa e não há nos autos extratos em que constem antecedentes criminais. Além disso, a acusada possui residência fixa, em Guarujá, no litoral de São Paulo, “também mitigando eventual risco à instrução processual ou à aplicação da lei penal”.

O advogado Leonardo Fontes Rodrigues anexou ao seu pedido documentos que comprovam ser a cliente mãe de três filhos menores de 12 anos, possuindo a guarda unilateral das crianças, conforme decisões judiciais. “A indiciada é primária e seus filhos dependem de seus cuidados, não constituindo a liberdade risco à ordem pública”.

Embora não tenha ingressado no mérito por não ser o momento processual oportuno e nem ser esse o objeto do pedido de revogação da preventiva ou de sua substituição por prisão domiciliar, o advogado argumentou que a acusada, se for condenada, pode cumprir a pena em regime mais brando do que o atual encarceramento sem condenação.

Segundo o procurador da República Marino Lucianelli Netо, verifica-se que a acusada é imprescindível aos cuidados dos filhos, sendo comprovado que as crianças estavam sob o convívio materno antes da prisão. Para o juiz, sem se vislumbrar risco à ordem pública, à instrução processual ou à aplicação da lei penal, desnecessária é a custódia cautelar.

Em contrapartida à revogação da prisão, o julgador fixou as seguintes medidas cautelares à acusada: comparecer mensalmente ao juízo para justificar as suas atividades, manter atualizados os seus meios de contato para o recebimento de intimações, proibição de se mudar de residência sem prévia autorização judicial e não deixar o País.

Advogado Leonardo Fontes Rodrigues

Flagrante no aeroporto

A acusada tem 32 anos e foi presa no dia 3 de setembro, após desembarcar no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Ela trazia 9,3 quilos de dry, maconha com elevado teor de tetrahidrocanabinol (THC), no fundo falso de uma mala. Policiais a abordaram diante de investigações sobre a atuação de “mulas” no transporte de drogas.

Policiais da Delegacia de Guarujá apuram há alguns meses uma rede que alicia mulheres para levar drogas à Europa e retornar ao Brasil trazendo outros tipos de entorpecentes. A acusada permaneceu calada no interrogatório na delegacia, mas revelou de modo informal, segundo os agentes, que receberia R$ 20 mil pelo transporte da maconha.

A prisão em flagrante foi convertida em preventiva na audiência de custódia na Justiça Estadual, que depois declinou de sua competência em razão da transnacionalidade do delito. O juízo da 6ª Vara Federal de Guarulhos reconheceu ser competente para processar a causa e deferiu o pedido de soltura. A acusada ficou nove dias encarcerada.

Por Eduardo Velozo Fuccia/Vade News

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