Correios avisam funcionários que 13º salário será pago nesta sexta (19)
Por Idiana Tomazelli/ Folha Press em 19/12/2025 às 17:56
Os Correios anunciaram a seus empregados que o pagamento do 13º salário será feito nesta sexta-feira (19), dentro do prazo fixado na legislação.
De acordo com um comunicado divulgado pela empresa no fim da tarde de quinta (18), apesar do “momento financeiro desafiador, a diretoria da empresa fez um esforço adicional para garantir o pagamento”.
A informação foi divulgada pouco tempo antes de o Tesouro Nacional confirmar a concessão da garantia soberana para os Correios contratarem um empréstimo de R$ 12 bilhões com um grupo de cinco bancos. A decisão de dar o aval foi antecipada pela Folha de S.Paulo.
No comunicado, porém, a diretoria diz que o esforço de pagamento do 13º em dia “acontece enquanto a operação de crédito ainda está em fase de conclusão”, num indicativo de que a decisão pode ter sido tomada antes do aval, mediante postergação de outros pagamentos para priorizar a folha.
“Ainda assim [em referência ao empréstimo em andamento], a empresa priorizou esse compromisso, reconhecendo a importância do 13º salário para os empregados e suas famílias, ao mesmo tempo em que segue trabalhando para manter a continuidade da operação e o atendimento aos clientes em todo o país”, disse a companhia no comunicado.
O pagamento em dia do 13º dos funcionários dos Correios foi colocado como uma prioridade para o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e para a própria empresa, que está no meio de uma negociação delicada com os empregados para rever cláusulas do ACT (acordo coletivo de trabalho).
O tema está sob mediação do TST (Tribunal Superior do Trabalho), e sindicatos já deflagraram greve em nove estados. Eventual atraso no pagamento do 13º poderia agravar a situação.
Pela lei, o 13º salário precisa ser quitado até o dia 20 de dezembro. Como neste ano a data cai num sábado, o repasse precisa ser feito até esta sexta.
Nas tratativas internas, a data do pagamento foi colocada como prazo para a operação de crédito sair do papel. O objetivo inicial era que o dinheiro do empréstimo caísse na conta da empresa até o dia 15 de dezembro, para dar tempo de organizar as contas de fim de ano e ordenar a regularização das dívidas pendentes.
Conforme as negociações se alongaram, a previsão passou para o dia 18. Por fim, especulou-se até mesmo qual seria o horário limítrofe na própria sexta-feira para depositar os recursos a tempo de fazer os repasses aos empregados.
O Tesouro Nacional aprovou nesta quinta a concessão de garantia soberana ao empréstimo, que será vinculado ao plano de reestruturação da companhia.
O aval da União sempre foi premissa de toda a operação e representa um compromisso do governo em honrar os pagamentos em caso de inadimplência da estatal. Isso torna praticamente nulo o risco de prejuízo aos bancos.
Com o sinal verde do Tesouro, os Correios podem assinar o contrato de empréstimo com os bancos e receber o dinheiro.
A proposta de empréstimo foi apresentada na semana passada por um grupo de cinco bancos, formado por Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú e Santander. Os três últimos entraram apenas recentemente nas negociações, enquanto a Caixa voltou a participar das conversas após a Casa Civil entrar no circuito para que a instituição integrasse o sindicato de bancos.
Banco do Brasil, Caixa e Bradesco vão emprestar R$ 3 bilhões cada, enquanto Itaú e Santander, R$ 1,5 bilhão cada.
O custo da operação ficou em 115% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), dentro do teto de 120% estipulado pelo Tesouro Nacional para conceder a garantia soberana. Uma primeira proposta, feita por um grupo distinto de bancos, foi rejeitada devido ao custo elevado, de 136% do CDI.
Inicialmente, a previsão era que os R$ 12 bilhões do empréstimo fossem repassados de uma vez só para os Correios. Mas, segundo interlocutores, a empresa pediu que a operação seja dividida em duas tranches, com liberação imediata de R$ 10 bilhões -o suficiente para quitar dívidas atrasadas e honrar compromissos previstos até o fim do ano. Os R$ 2 bilhões restantes seriam depositados em 2026.
A empresa tomou essa decisão porque, assim, conseguirá reduzir o montante de juros a pagar sobre a segunda parcela dos recursos.