12/11/2025

Vitor Roque saiu, voltou, sofreu e brilhou entre convocações para seleção

Por Igor Siqueira e Thiago Arantes/Folhapress em 12/11/2025 às 10:41

Cesar Greco/Divulgação Palmeiras
Cesar Greco/Divulgação Palmeiras

A convocação de Vitor Roque para os amistosos contra Senegal e Tunísia, pela última Data Fifa deste ano, é uma reconexão com um capítulo curto na seleção brasileira, escrito em 2023.

Roque tem lastro na base, principalmente na sub-20, e já estreou com a amarelinha em março daquele ano, no amistoso contra Marrocos —o primeiro jogo após a Copa de 2022.

A montanha-russa que virou a carreira desse promissor atacante agora o coloca mais uma vez em um ponto de ascensão, que culmina com os gols no Palmeiras e a atenção de Carlo Ancelotti, faltando cerca de seis meses para o anúncio da lista final da Copa 2026.

Nesta terça-feira (11), ele se apresentou à seleção em Londres e participou do treino completo, após viajar cerca de 9h.

Seleção com outra cara

Quando Vitor Roque estreou, o Brasil era comandado por Ramon Menezes. O atacante jogou 25 minutos, substituindo Rodrygo, e não fez gol na derrota por 2 a 1. Na época, Roque era destaque na seleção sub-20 e brilhava no Athletico Paranaense.

“Eu tive a oportunidade de assumir a principal depois do Sul-Americano. E nada mais justo do que levar alguns que se destacaram naquele torneio. Foi um jogo só, contra o Marrocos. Então, ele foi peça importante na parte tática, em relação à estratégia de jogo”, contou Ramon à reportagem.

A admiração pelo atacante se materializou ainda na preparação para o Sul-Americano Sub-20 de 2023. No ano anterior, Roque atuou aberto pela ponta direita em um torneio internacional cujo desfecho foi um 7 a 0 do Brasil sobre o Uruguai. Já no torneio continental, o atacante terminou como um dos artilheiros, ao lado de Andrey Santos, que também é um dos convocados por Ancelotti atualmente.

Além dos gols, Ramon não se esquece de um episódio que, na visão dele, resume o grau de dedicação de Vitor Roque no ambiente da seleção.

“Contra o Equador, no Sul-Americano, ele tomou um tostão na perna. Já tinha feito dois gols no primeiro tempo. No intervalo do jogo, foi substituído porque não conseguia nem andar. No Sul-Americano, o tempo de recuperação é muito curto. A gente não imaginou que ele conseguiria jogar no próximo jogo. E conseguiu. É um jogador muito forte, de concentração e força”, afirmou o técnico, demitido da sub-20 neste ano, após a eliminação do Brasil na fase de grupos do Mundial.

Altos e baixos

Depois de ir bem com Ramon, a montanha-russa de Vitor Roque foi mais acelerada. Em julho de 2023, foi vendido para o Barcelona. O “Tigrinho” estreou em janeiro de 2024, não teve muitas oportunidades, foi emprestado para o Bétis em agosto, também teve dificuldades e voltou ao Brasil, vendido ao Palmeiras.

Um dos pontos centrais da passagem pelo Barcelona foi uma exigência técnica que pesou contra Roque: o domínio orientado da bola —ou seja, receber sob pressão, controlar e continuar a jogada com fluidez. No Brasil, seu perfil era mais de infiltração, finalização —mas no Barça esse fundamento apareceu como deficitário.

Outro fator importante é que a contratação não partiu especificamente de Xavi Hernández, o técnico do clube na época. Foi Deco, no cargo de diretor de futebol, que conduziu a negociação, e isso gerou certo descompasso entre o atleta, a diretoria e a comissão técnica.

A janela de adaptação foi curta e o contexto competitivo elevado: o Barcelona exigia rendimento imediato e tinha pouco espaço para erros de jogadores recém-chegados. Roque acabou jogando 16 partidas e marcando dois gols.

Emprestado ao Bétis, ele acabou sofrendo com outro problema: a concorrência com jogadores de características bem diferentes no clube, como Assane Diao, Chimi Ávila e Cédric Bakambu. Pouco depois da chegada do brasileiro, o clube contratou o colombiano Cucho Hernández.

Apesar da concorrência forte, Vitor Roque acabou a passagem pelo Bétis com 33 jogos e sete gols marcados. E nesse período de incertezas e baixa, até foi chamado por Ramon novamente para a seleção sub-20 que fez amistosos contra o México em São Januário, em setembro de 2024.

O brilho no Palmeiras

No Palmeiras, em 2025, veio o recomeço e a transformação. Demorou a engrenar. O primeiro gol veio depois de 13 jogos e mais de 900 minutos em campo.

Agora, virou algo normal esperar que balance as redes sob o comando de Abel Ferreira. No Brasileirão, nesta quarta-feira (12) é vice-artilheiro, com 16 gols.

É isso que Ancelotti quer puxar para a seleção brasileira, que vive uma concorrência intensa no ataque. Além de Roque, João Pedro, Matheus Cunha e Richarlison estão convocados para a posição na Data Fifa atual.

“É um jogador que ainda é muito promissor. É um jovem jogador. O trabalho no Palmeiras foi fantástico. O Abel passou toda confiança do mundo para ele. Demorou um pouquinho… O Vitor Roque precisa estar se sentindo bem, com moral, porque dentro de campo vai dar o seu melhor”, finalizou Ramon Menezes.

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