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27/05/2025

Seara abate 67 mil frangos devido à proximidade de foco de gripe aviária no RS

Por André Borges/Folhapress em 27/05/2025 às 09:50

Divulgação/Ascom Seapi-RS.
Divulgação/Ascom Seapi-RS.

A Seara, empresa do Grupo JBS, fez o abate emergencial de 67,1 mil frangos que estavam alojados em uma granja da empresa, numa área próxima do foco de gripe aviária identificado no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul. O descarte das aves foi autorizado pelo Mapa (Ministério da Agricultura) na semana passada e ocorreu em apenas três dias, entre a última quinta-feira (22) e o sábado (24).

O número de frangos descartados pela Seara é bem maior do que o abatimento realizado em Montenegro. Até sexta-feira (23), um total de 8.747 aves tinham sido eliminadas na área específica onde foi confirmado o foco da gripe aviária, na cidade gaúcha. Dessas aves, 7.389 tinham sintomas da doença. Outras 1.358 foram eliminadas posteriormente, como medida de precaução.

Do mesmo modo, a decisão de se desfazer dos animais se deve à proximidade com o foco da doença. A granja que armazenava os frangos fica a apenas 6,5 km de distância do ponto central do caso. O protocolo sanitário determina que uma série de medidas sanitárias sejam tomadas em um raio de até 10 km do local de confirmação da doença.

Medidas ao combate da gripe

A instalação de sete barreiras sanitárias faz parte de medidas para conter o foco de gripe aviária, onde até mesmo os veículos passam por desinfecção Ascom Seapi-RS/Divulgação 18.mai.2025 A imagem mostra um caminhão dos bombeiros, identificado como ‘CB MONTENEGRO’, estacionado em uma estrada rural. O caminhão é de cor vermelha e possui a palavra ‘BOMBEIROS’ em destaque na parte frontal. Ao lado do caminhão, há um veículo branco, possivelmente de apoio. Por meio de nota, a companhia do Grupo JBS declarou que, “ainda que não fosse obrigada a fazê-lo pelas normas sanitárias, a Seara voluntariamente solicitou o abate das aves mencionadas por razões comerciais e de lógica de produção”.

Conforme a afirmação da empresa, as aves estavam em uma granja de recria e deveriam ser transferidas para uma granja de produção, quando surgiu o foco de influenza aviária em Montenegro.

“Com as restrições de movimentação no raio de 10 km, não seria possível fazer essa transferência. Os animais teriam que ficar numa granja inadequada para sua etapa de vida por pelo menos 28 dias”, afirmou a companhia, em referência ao chamado “vazio sanitário”, etapa de isolamento que entrou em vigor no dia 22 de maio, quando o trabalho de eliminação do foco em Montenegro foi concluído.

A Seara também reconheceu a dificuldade que teria em vender os frangos da região. “Haveria muitas restrições à sua futura comercialização. Diante desses fatores, a Seara solicitou e o Mapa autorizou o abate, realizado com base em normas internacionais e com a devida fiscalização das autoridades sanitárias. As aves estavam perfeitamente saudáveis, conforme monitoramento feito pelas autoridades, e por isso mesmo foi autorizado seu transporte para abate”, informou.

Questionado pela reportagem, o Mapa confirmou que autorizou o abatimento. A atividade de saneamento do foco em Montenegro foi iniciada no dia 16 de maio e concluída na quarta-feira (21).

Conforme o ministério, todo o material de risco foi manejado adequadamente, com remoção e destruição sob supervisão do serviço veterinário oficial, conforme determina o Plano Nacional de Contingência.

Ao todo, foram eliminadas 60,1 mil galinhas e 7.000 galos. Para acelerar o trabalho, os prestadores de serviço da Seara pediram, inclusive, que o limite de abate diário de 18 mil aves fosse ampliado, permitindo que se chegasse a até 25 mil frangos em um único dia.

“Em virtude da urgência sanitária e do risco epidemiológico envolvido, solicitamos autorização excepcional para ultrapassar o limite diário de 18 mil aves, de modo a concluir a operação dentro do prazo estabelecido e mitigar rapidamente o risco de disseminação viral”, afirma o relatório que trata do assunto.

Além disso, um protocolo rígido de tratamento e descarte foi implementado, com agentes equipados com máscara cirúrgica de proteção, uniforme, luvas impermeáveis, aventais plásticos e botas sanitárias, segundo o relatório.

Os 67,1 mil frangos da Seara não eram criados diretamente para alimentação, como acontece com os frangos comuns de corte. As aves eram usadas para botar ovos férteis que seriam chocados, para gerar pintos de cortes, os quais virariam frangos para consumo humano.

A granja onde estavam era chamada de granja de recria, uma fase em que essas aves ainda estavam em crescimento, sendo preparadas para depois produzir ovos férteis.

As medidas para conter os riscos de disseminação da gripe aviária já resultaram, também, na destruição de 20 milhões de ovos férteis. Em menos de uma semana, foi destruído um volume equivalente a cerca de 5% da exportação anual desses ovos férteis.

Na semana passada, a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) mudou seu entendimento sobre o alcance do surto de influenza aviária no Brasil e passou a reconhecer oficialmente que o caso está restrito à região do município de Montenegro, no Rio Grande do Sul, em vez de se tratar de um problema nacional.

Até segunda-feira (26), 46 países ainda seguiam com bloqueio das importações de frango de todo o território nacional, conforme informações da pasta. Além dos 27 países da União Europeia, o embargo nacional é aplicado por China, México, Iraque, Coreia do Sul, Chile, Filipinas, África do Sul, Jordânia, Peru, Canadá, República Dominicana, Uruguai, Malásia, Argentina, Timor-Leste, Marrocos, Bolívia, Sri Lanka e Paquistão.

A suspensão restrita ao estado do Rio Grande do Sul tem sido aplicada por Arábia Saudita, Turquia, Reino Unido, Bahrein, Cuba, Macedônia, Montenegro, Cazaquistão, Bósnia e Herzegovina, Tajiquistão e Ucrânia.
Segundo o Mapa, Rússia, Bielorrússia, Armênia e Quirguistão decidiram retirar a suspensão do país todo e reduziram a restrição geográfica para o estado gaúcho.

Já a suspensão para o município de Montenegro (RS) está em vigor para os Emirados Árabes Unidos e Japão.

Os países que estão com embargo total às compras da carne brasileira de frango são responsáveis por 45% do volume dessa proteína exportada pelo Brasil. No mês passado, eles compraram 210 mil toneladas, de um total de 463 mil enviadas ao exterior, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

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