Inflação da Argentina cai para 2,8% em abril, mais do que o esperado
Por Folha Press em 14/05/2025 às 19:22

A inflação da Argentina caiu para 2,8% em abril, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (14) pela agência oficial de estatísticas Indec. A taxa ficou abaixo da previsão de analistas consultados, de 3,1%, e marcou uma desaceleração em relação aos 3,7% registrados em março.
Essa é a primeira divulgação de dados da inflação na Argentina após o fim do “cepo cambiário”, o controle para a compra de dólares no mercado oficial para pessoas físicas. A restrição, que durou seis anos, chegou oficialmente ao fim no dia 14 de abril.
No mesmo dia, o país também anunciou a implementação de um regime de bandas para a flutuação do dólar oficial, entre 1.000 e 1.400 pesos argentinos, com uma atualização dos limites em 1% ao mês.
Analistas já esperavam que as mudanças no regime cambial não tivessem impacto na medida da inflação de abril. Economistas ouvidos esperavam uma inflação média em abril abaixo dos 3,8% de março, e uma aceleração em preços que são mais impactados pela taxa de câmbio, como combustíveis, que representam 4% do índice de inflação oficial.
“Agora não esperamos um impacto imediato sobre os preços”, diz o economista Fausto Spotorno, da consultoria OJF, acrescentando que o aumento da concorrência e a falta de pesos no mercado devem compensar qualquer inflação importada por uma moeda mais fraca.
A expectativa da agência Moody’s é de que a inflação do país fique em 30% no ano. “Temos uma projeção de 30% até o final do ano, agora com o fim do ‘cepo’ e o fato de que os preços dos combustíveis caíram, é possível que revisemos a projeção para baixo, dependendo das taxas de inflação em abril e maio”, disse Jaime Reusche, vice-presidente e diretor sênior de crédito da agência.
A inflação caiu em 2024 para 118%, de 211% no ano anterior, após a posse de Milei em dezembro de 2023. O presidente ultraliberal promoveu um forte ajuste dos gastos públicos.
Reusche avaliou as ações do governo como “prudentes” e elogiou o levantamento das restrições cambiais. “As coisas estão indo relativamente bem”, disse ele. “Ainda há certas restrições que serão gradualmente eliminadas e isso é prudente, e vemos que este governo é bastante prudente”, acrescentou.
A agência também estima que o crescimento no país será de 4% em 2025, contra estimativa de 5% do mercado.