01/12/2025

‘Carona’ para estranhos na entrada de condomínio coloca segurança em risco, diz especialista

Por Santa Portal em 01/12/2025 às 09:52

Reprodução/Freepik
Reprodução/Freepik

Só no primeiro semestre de 2025, 1.429 casos de roubos a condomínios foram registrados no estado de São Paulo, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública. Mesmo com uma redução de 7,63% com relação ao mesmo período do ano anterior, os condôminos precisam se atentar às regras condominiais de segurança – um deslize pode abrir espaço para a invasão de criminosos.

É o que explica o gerente operacional da Embraps, empresa especializada em serviços de facilities para condomínios, Alexandro Coelho. Segundo o profissional, uma das falhas de segurança mais comuns são as “caronas” na entrada, especialmente no período de festas de fim de ano, quando o fluxo de pessoas é maior.

“O exemplo mais simples e comum de carona é quando o morador abre a porta do prédio, entra e nota a presença de uma pessoa desconhecida atrás dele. Nem todos conhecem os vizinhos do prédio, mas o condômino acaba deduzindo que o indivíduo também seja morador e, por educação, deixa o portão aberto para que ele entre. O desconhecido pode passar despercebido pelo porteiro, que realiza também outras atividades no local”, explica.

Portanto, uma situação inicialmente corriqueira como essa  pode acabar em roubo ao condomínio – e, em muitos casos, a culpa da falha do procedimento recai sobre o porteiro, ainda que não seja dele. Em alguns casos, porém, por falta de conhecimento e orientação, alguns porteiros liberam indiscriminadamente a entrada de visitantes, entregadores de alimentos, água, farmácia, entre outros. Isso tudo, segundo Alexandro, também compromete a segurança do ambiente.

“O morador, quando entende que faz parte do processo de entrada segura em um prédio, e tem a consciência de sempre colaborar com a portaria com informações completas e que facilitem o trabalho, faz muita diferença. Isso ajuda o porteiro a realizar os procedimentos, que devem ser constantemente reforçados em treinamentos e campanhas mensais”, diz.

O bom e mau uso dos recursos tecnológicos

Os prédios mais novos contam com uma fechadura com biometria ou reconhecimento facial, que ajudam a identificar o morador e são um reforço na segurança. Porém, o mau uso da ferramenta também pode abrir uma ‘janela de insegurança’, a exemplo do morador que abre a porta com sua biometria e, na sequência, deixa ela aberta ou pergunta a um estranho se ele vai entrar.

As garagens também são outro ponto de atenção. De acordo com o gerente operacional da Embraps, elas são um dos maiores riscos, pois muitos moradores entram com os veículos e em alguns casos não fecham os portões. Em outros, esquecem seus controles e pedem para o porteiro abrir o portão, desviando o foco de seu trabalho.

“Quando o recurso tecnológico é bem usado, é um ganho para a portaria, pois o porteiro pode focar no mais importante, que é a entrada do morador e qualquer outra pessoa que queira se aproveitar dessa janela de insegurança”, explica Coelho.

Mas a tecnologia é uma aliada não só no dia a dia, como na segurança. O profissional aponta que o uso de câmeras de qualidade, sensores, equipamentos no controle de acesso, entre outras ferramentas são pilares para a melhor segurança do condomínio.

Conscientização e boas práticas

De acordo com Alexandro, o condomínio deve realizar campanhas de conscientização de que o morador e a ferramenta tecnológica de apoio fazem parte do processo de segurança do prédio, enfatizando que a garantia da segurança do condomínio é um trabalho conjunto dos funcionários do prédio e dos moradores.

“É preciso fazer palestras curtas e objetivas, adaptadas a cada realidade de cliente, desde o mais tecnológico ao que tem a estrutura mais simples de segurança”, explica. Segundo ele, essas ações levam ao morador a oportunidade de entender a segurança de sua moradia, quais são suas ferramentas e como usá-las na entrada e saída, com atenção a portões abertos e estranhos nos arredores.

Campanhas de conscientização feitas pelo próprio condomínio aos moradores, seja por reportagens, pequenos comunicados, entre outros meios, são efetivos, afirma Coelho – além de ter custo zero.

Empresas de serviços terceirizados, como a Embraps, ainda realizam treinamentos periódicos de reciclagem com os profissionais, reforçando processos e boas práticas, além de atualizá-los sobre as novidades da função, além das novas tecnologias a serem utilizadas como ferramentas que contribuem para seu trabalho.

“Quando o criminoso visa um local e percebe que há uma integração entre atuação humana, tecnologia e moradores cumprindo procedimentos, minimiza muito os riscos”, finaliza o gerente operacional.

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