Sindicato cobra explicações da Keeta após queixas de restaurantes na Baixada Santista
Por Santa Portal em 10/11/2025 às 06:00
O Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares da Baixada Santista e Vale do Ribeira (SINHORES) enviou, neste sábado (8), um ofício à empresa Keeta solicitando um posicionamento formal sobre uma série de reclamações feitas por estabelecimentos da região que utilizam a plataforma de delivery.
A empresa chinesa de delivery de comida iniciou suas operações-piloto em Santos e São Vicente no último dia 30. De acordo com o sindicato, os relatos envolvem descontos aplicados sem autorização e considerados “abusivos”, ausência de suporte técnico aos restaurantes, falta de transparência nos repasses financeiros e nos termos contratuais, que, segundo os empresários, incluem páginas em outro idioma.
As reclamações também incluem restrições na autonomia para alterar preços, promoções e itens do cardápio. Também foram registradas pendências de pagamento relacionadas ao consumo de funcionários da Keeta durante o período de testes da operação.
“Nós, como representantes da categoria, não mediremos esforços para combater práticas que prejudiquem os restaurantes e comprometam o desenvolvimento justo do setor. O nosso compromisso é com um mercado livre, ético e transparente, que gere oportunidades para todos os envolvidos. Diante disso, esperamos um posicionamento formal e urgente da empresa Keeta sobre as reclamações registradas e as medidas que estão sendo adotadas para solucioná-las de forma definitiva”, afirma Gustavo Gaia, diretor de Delivery do SINHORES.
Problemas relatados por entregadores
Trabalhadores que participaram do projeto-piloto da Keeta em Santos e São Vicente afirmaram que a empresa prometeu remuneração por hora logada e um modelo de operação diferente do habitual, mas que, na prática, o sistema funciona com agendamento de horários e sem garantia de corridas ou pagamento mínimo.
Segundo um entregador, cerca de 20 profissionais participaram do teste antes da inauguração e receberam R$ 200 cada. Um deles teve a moto roubada, e a empresa teria prometido cobrir o prejuízo. “Eles falaram que seria uma operação diferente, mas é a mesma coisa de outras plataformas. A gente se compromete a ficar online, mas não tem garantia de corrida nem de remuneração”, relatou. O entregador também disse que muitos profissionais se sentiram usados de cobaia.
O que diz a Keeta?
Em nota, a Keeta afirmou que não exige tempo mínimo de conexão e não aplica penalidades por recusas ou cancelamentos. A empresa destacou que os Operadores Logísticos (OLs) são parceiros independentes responsáveis pela gestão de seus entregadores e que avaliações periódicas de conformidade podem levar ao desligamento em caso de descumprimento.
A companhia reforçou que nunca prometeu valores diferentes dos praticados, que variam conforme veículo e distância percorrida, com taxa mínima de R$ 7,50 para motocicletas e R$ 7,00 para bicicletas, mais bônus de R$ 5,00 durante o período de lançamento. A Keeta afirma também estar investindo em tecnologia para otimizar rotas, aumentar eficiência e segurança, e garante saques gratuitos semanais para os entregadores.
Keeta denuncia espionagem contra operações
A empresa informou que registrou na Polícia Civil de Santos um caso de espionagem, em que pessoas se passaram por funcionários para obter informações estratégicas de restaurantes parceiros.
O episódio ocorreu dias após o início das operações na Baixada Santista. Segundo as investigações do 3º DP, ao menos oito estabelecimentos foram procurados por equipes de oito a dez pessoas que apresentaram crachás falsos e pediram dados sobre pedidos, pagamentos e taxas de comissão.
A empresa confirmou ter denunciado o caso à Polícia Civil, que investiga o caso.