Santistas sobrevivem a naufrágio e incêndio de embarcação em ilha no Panamá; VÍDEO
Por Rodrigo Martins em 10/12/2025 às 20:00
Dois moradores de Santos, no litoral de São Paulo, sobreviveram a um naufrágio em um catamarã que pegou fogo no último sábado (6) nas Ilhas de San Blas, na costa caribenha do Panamá.
A empreendedora Carolina Pereira Topfstedt, de 32 anos, viajou ao lado dos amigos Douglas de Melo Zulião – também morador de Santos -, Leonardo Ricciarelli e Luciane Alves Casão – os dois últimos moram na Capital paulista. O grupo reservou um Airbnb que era um catamarã, com tudo incluso.
Após alguns dias hospedados na embarcação e desfrutando do passeio, o incêndio ocorreu no sábado. “Acordamos cedinho e já fomos recebidos com café fresquinho e uma mesa farta de café da manhã, com tudo produzido pelo capitão e seu ajudante. Após o café, o capitão e seu ajudante foram pescar nosso almoço com arpões e nós quatro fomos fazer snorkel (equipamento de mergulho recreativo que permite respirar na superfície da água através de um tubo) e acompanhar a pescaria. Foi uma das experiências mais lindas da minha vida. Ficamos cerca de uma hora e meia no mar, até que o dois conseguissem pescar peixes o suficiente para nosso almoço e voltamos para o catamarã. Assim que voltamos, o ajudante já começou a limpar os peixes e isso atraiu os tubarões para perto. Fiquei sentada bem próximo junto com a Luciane para gravarmos uns vídeos com os tubarões. Nesse momento, o capitão ouviu um estralo dentro da cabine e chamou o ajudante. Logo vi que tinha uma fumaça lá dentro”, contou Carolina, em entrevista ao Santa Portal, relembrando os momentos de desespero.
“O Douglas pegou um extintor de incêndio para ajudar. A fumaça só aumentava e o extintor acabou. Foi quando eu notei que o bote do catamarã estava bem próximo de mim e já comecei a calcular meus próximos passos caso a fumaça aumentasse ainda mais, que foi o que aconteceu. Só vi a feição do capitão desesperado e uma labareda atrás dele. Foi nesse momento que eu percebi que eu tinha que sair de lá o mais rápido possível. Pulei no bote e chamei meus amigos. A Luciane pulou no mar no momento do desespero, mesmo com os tubarões ao redor e seu marido pulou atrás dela para ajudá-la. O Douglas pulou no bote comigo e o desamarrou do catamarã. Eu puxei a Luciane para dentro do bote e o Leonardo conseguiu pular para dentro. Encontrei um remo e comecei a remar o mais longe possível do catamarã, pois meu medo era que ele explodisse. O Douglas fez o mesmo. O capitão e seu ajudante ficaram no catamarã, pois não quiseram pular no bote. Eles quiseram tentar resgatar alguma coisa do fogo, sem sucesso, e acabaram se queimando um pouco”, disse.
Moradores de Santos sobrevivem a naufrágio e incêndio de embarcação em ilha do Panamá
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(Crédito: Reprodução/Arquivo Pessoal Carolina Topfstedt) pic.twitter.com/irwcqN92wc
Segundo Carolina, um bote de resgate veio ao encontro deles e os ajudou a chegarem mais rápido na ilha mais próxima ao local. Na sequência, o bote voltou para resgatar o capitão e seu ajudante. “Na ilha, alguns indígenas nos ajudaram e nos deram água. Um casal estrangeiro deu toalhas para mim e a minha amiga, para que não ficássemos apenas de biquíni”, destacou.
A empreendedora, que também é estudante de Psicologia na Unisanta, falou que ela e seus amigos perderam toda a bagagem que tinham levado para a viagem. “O catamarã foi queimado com todos os nossos bens. Perdemos todas as nossas roupas, sapatos, maquiagens, joias, remédios, câmeras, dinheiro e passaportes, além de coisas que compramos no Panamá e na Colômbia. Só o Douglas e eu conseguimos sair com os nossos celulares. O capitão perdeu tudo o que ele tinha na vida, uma vez que aquela era a casa dele”, lamentou.
Embarcação com turistas de Santos naufragou no Panamá
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Após serem resgatados, os brasileiros foram levados para o registro da ocorrência na polícia local. Em seguida, o grupo de amigos deu início aos trâmites para a viagem de volta ao Brasil. O cacique de uma tribo indígena local ajudou o grupo com a parte burocrática de retorno ao país.
“No domingo, o cacique ordenou que seu motorista nos levasse até a Cidade do Panamá para continuarmos com as burocracias de documentação. O cacique, por ser uma pessoa de muito poder e influente na região, ligou para o Consulado do Brasil no Panamá e pediu que o mesmo fosse até a embaixada nos ajudar com uma nova documentação para irmos embora. O cônsul Geraldo Seabra foi rapidamente nos encontrar em meio a um almoço de domingo em família e pré-feriado de Dia das Mães no Panamá (na segunda-feira, dia 8). Ele e seu funcionário nos ajudaram, com muita paciência de todas as formas, e emitiram um documento onde nos autorizava retornar ao Brasil até dia 11 sem documentação pessoal. Após conseguirmos o documento, fomos até uma loja na região comprar roupas, pois ainda estávamos descalços e com as roupas da tribo. Aí sim fomos atrás de passagem de retorno ao Brasil, uma vez que a passagem que tínhamos era apenas para retorno dia 14, e tínhamos autorização para permanecer até dia 11”, comentou.
Desta forma, a viagem dos sonhos desse quarteto acabou de forma prematura. “Decidimos comprar as passagens mais próximas possíveis mesmo sendo muito caro (madrugada de 08/12), uma vez que estávamos desolados, traumatizados, não tínhamos mais roupas e medicações. Acabamos perdendo o resto da viagem que tínhamos para após, que era mais um dia no Panamá e seis dias em Bocas del Toro. Perdendo hospedagens e passagens por conta de ter antecipado nossa volta ao Brasil. Estava tudo maravilho. Era a viagem dos sonhos de qualquer pessoa. Ficamos muito tristes por não termos disfrutado inteiramente como pretendíamos desse país tão maravilhoso e esperamos ter a oportunidade de recuperarmos logo e voltarmos para conhecer e aproveitar melhor”, afirmou.
Apesar da frustração e do susto, Carolina enfatizou sua gratidão por ela e seus amigos terem sobrevivido ao incêndio na embarcação. “Temos muitas pessoas a agradecer: primeiramente Deus por nossas vidas; nossas famílias pelo suporte aqui no Brasil e apoio emocional; ao capitão do catamarã, que mesmo tendo perdido tudo, não deixou de se preocupar conosco em nenhum momento até agora; ao cacique e seu povo, uma vez que não sabemos se já estaríamos no Brasil e bem sem o suporte deles; ao Sr. Geraldo Seabra que emitiu nossa documentação com prontidão para regressarmos tão rapidamente aos nossos entes queridos; às pessoas que encontramos no caminho e se solidarizaram e ajudaram como puderam. Além disso, agradecemos aos nossos amigos que se preocuparam tanto e continuam nos dando tanto suporte nesse momento. Mas deixo algumas dicas que serviram de aprendizado: fazer seguro viagem, ter fotos de todos os documentos e compartilhá-los com familiares e pessoas próximas. Também aconselho a ter em mente o telefone de contato de emergência local”, concluiu.

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal Carolina Topfstedt