Evento debate expansão do setor de petróleo e gás, mas aponta desafios com mão de obra e custos
Por Santa Portal em 27/06/2025 às 11:00

Com novos campos sendo descobertos e leiloados, além de perspectivas de ampliação da infraestrutura, o mercado nacional vê os próximos anos como perfeitos para crescimento, investimentos e inovações. Entretanto, para aproveitar o horizonte de possibilidades para o setor de petróleo e gás, muitos desafios deverão ser superados. Entre os obstáculos, estão questões financeiras e a qualificação de mão de obra.
As perspectivas, bem como as dificuldades enfrentadas pelo segmento, foram apontadas por especialistas nesta quinta-feira (26), durante a segunda edição do SP Offshore 2025. O evento ocorre no Santos Convention Center, na Ponta da Praia, em Santos.
O primeiro a analisar os cenários presente e futuro foi o gerente-geral de Concepção e Implantação de Projetos de Águas Ultra Profundas da Petrobras, Fábio Passarelli. Ele afirmou que há muitas oportunidades, citando a Bacia de Santos, onde “ainda temos regiões em exploração”.
Diante disso e de outras possibilidades, inclusive na Margem Equatorial, objetivos foram traçados pela estatal, entre os quais estão a busca por reservas, incremento da oferta de gás natural e aumento da descarbonização. Ainda, há investimentos em novas estruturas, como a criação de novos navios-plataformas (FPSOs). “Criamos 18 das estruturas nos últimos sete anos e teremos mais dez”, citou.
Assim, tudo caminha no sentido de expansão na exploração e na produção. Contudo, para que os planos do setor sejam atingidos, será necessário equacionar algumas questões, que foram apontadas por Passarelli. “Vamos ter de pensar em repor reservas, extensão de vida produtiva, descomissionamento, adição energética e redução de exposição ao risco, além de acelerar a implantação de projetos e redução de custos. Pós-covid-19, houve aumento de 31% dos custos, o que traz impacto direto na viabilidade dos projetos”.
Embora as circunstâncias sejam desafiadoras, o gerente-geral está certo de que o mercado vai avançar. “Estamos na tempestade perfeita. Temos obstáculos, mas nunca tivemos tanta capacidade de processamento de informação. Existem muitos desafios, mas contamos com mais ferramentas para vencê-los”.
A fim de garantir o crescimento do setor, segundo o coordenador do programa de Novos FPSOS da Petrobras, Lourenço Froes, a empresa vai injetar US$ 111 bilhões nos próximos anos. Deste montante, US$ 77 bilhões devem ser utilizados no desenvolvimento de projetos de produção e exploração, incluindo bacias no litoral paulista.
Trabalho
De acordo com o gerente-executivo de Responsabilidade Social da Petrobras, José Maria Rangel, o salto de investimentos é significativo. Isto, aliado à retomada de grandes obras e atividades de exploração e produção, representa a possibilidade de um crescimento robusto.
Para que as previsões se concretizem, é necessário focar na melhoria da mão de obra. “Precisamos qualificar pessoas, pois identificamos lacunas em atividades necessárias na produção e refino”, citou o executivo.
Ciente das carências, a coordenadora de recrutamento e gestão de talentos da empresa PRIO, Luiza Martin, disse que uma das alternativas é captar pessoas que possam ser desenvolvidas já dentro das companhias. “Nós temos uma universidade corporativa, com cursos atrelados à capacitação técnica e comportamental, para entregarem mais resultados. Então, vou contratar uma pessoa que tenha conexão cultural maior com a PRIO e treiná-la em casa”.
Esse movimento, na avaliação do líder de treinamento e desenvolvimento da Equinor, Victor Couto Alves, é o correto, desde que esteja atrelado ao planejamento da empresa. “Para os programas de desenvolvimento funcionarem, eles devem estar ancorados na estratégia”.
Evidentemente, em determinados casos, também será necessário apoio de instituições de ensino e treinamento, como o Senai, que já possui recursos para suprir a demanda. “Contamos com ferramentas de inteligência. Elas nos permitem entender tendências tecnológicas e o movimento do mercado de óleo e gás em São Paulo”.
Os recursos mencionados pelos especialistas são formas de suprir as carências. Contudo, a líder do projeto Plataforma dos Sonhos para Todas as Pessoas e gerente de Planejamento e Gestão da Unidade da Bacia de Santos da Petrobras, Juliana Bregenski, espera ver, em breve, outra lacuna sendo preenchida. “Atualmente, em média, 95% das pessoas em plataformas são homens — só os outros 5% são mulheres. Temos a oportunidade de diversificar no offshore, o que vai aumentar a produtividade e lucratividade nos negócios”.