Campeão mundial de beach tennis da Baixada Santista inspira alunos da região
Por Anna Clara Morais em 22/06/2025 às 13:00

Pentacampeão pan-americano, bicampeão sul-americano e campeão mundial de beach tennis, o santista Marcus Ferreira é exemplo de superação e determinação para jovens de todo o país e, especialmente, da Baixada Santista. Ele esteve na Unidade Municipal de Educação (UME) Irmão José Genésio, no início do mês para conversar com os alunos e motivá-los.
Ferreira estudou, por grande parte de sua vida acadêmica, na Escola Estadual Prado Monteiro, em Santos, colégio que ficava próximo de sua casa, na Vila São Jorge, em São Vicente, onde morava com os pais.
Como toda criança brasileira, tudo começou com o sonho de ser jogador de futebol, mas, ao passar dois anos de sua infância praticando o esporte, percebeu que não levava jeito e parou. No entanto, o que parecia perdido se tornou o início de uma longa jornada de sucesso. Aos nove anos passou a fazer aulas de tênis, por influência do pai.
“Meu pai ia no clube Portuários e tive a oportunidade de começar jogando tênis lá, peguei gosto e, então, ele me colocou nas aulas. Por volta dos 15 anos passei a competir, mas sempre tive o sonho de ser tenista profissional e de ser professor da modalidade”, conta.
Com o objetivo de ser jogador profissional, Ferreira se mudou para São Paulo e passou um ano se dedicando ao esporte, mas, novamente, o sonho ficou distante e, por essa razão, voltou à Baixada para dar aulas de tênis, estudar e competir regionalmente.
Finalmente, em 2008, foi quando o Beach Tennis surgiu para o campeão que, como um hobby, começou a praticar a modalidade depois de ter sido apresentado por Rúbio Ribeira, o responsável pela chegada do esporte em Santos.
“Levava o tênis como profissão e o beach tennis como diversão. Em 2010 foi o primeiro torneio profissional que joguei, junto com o Thales Santos, de quem sou técnico hoje em dia. E então, nasceu o sonho de jogar o circuito profissional”.
Devido a pouca quantidade de parceiros, o jogador, por muito tempo, tinha o dia a dia dividido em dar aulas e treinar, porém, no primeiro torneio profissional que participou, ele e a dupla chegaram até a semifinal e perceberam o potencial de chegar mais longe.
“Obviamente faltava muita técnica ainda, mas a gente decidiu investir na carreira. Então todo ano a gente ia pra Itália, ficava dois meses, competindo e treinando com os melhores. Foi dessa forma que fomos acumulando boas posições no ranking, vários títulos internacionais e, em 2018, foi o nosso ápice, conquistamos o título de campeões mundiais”, completa.
Ensinando e motivando
Quando a pandemia chegou, ao se ver preso dentro de casa, o profissional escolheu continuar levando o esporte para o próximo.
“Lancei o meu livro Beach Tennis: das técnicas básicas às táticas avançadas, lancei cursos online, fiz bastante live, organizei grupos de estudo e, assim que tudo voltou a abrir, continuei praticando e fomentei ainda mais minha metodologia, que é um método mais didático, com progressões pedagógicas e hoje, faço vídeos de dicas através do meu canal do YouTube”.
Atualmente, através do Instituto Marcus Ferreira, o atleta oferece aulas gratuitas para boleiros, os gandulas do beach tennis.
“Desde o começo sempre estimulei a prática pros meus boleiros, que são aquelas pessoas que ficam auxiliando nas aulas, na organização do material, trabalhando ali com a gente. Essas pessoas são as que mais fazem aula, porque o aluno chega, faz uma hora de aula, enquanto o boleiro fica lá durante cinco horas seguidas ou, muitas vezes, dez horas em um dia. Eles ficam do lado do professor, atentos, ouvindo tudo e, agora, no Instituto Marcos Ferreira, oficializamos aulas gratuitas para eles”.
O público de vulnerabilidade social também pode aprender a modalidade gratuitamente semanalmente em Santos com o apoio do Instituto Jovem BT, de São Paulo, com o objetivo de levar o esporte para todos e, sendo uma das principais regras para participar, ser estudante de escola pública.
“Isso não quer dizer que todos vão se tornar campeões, mas com certeza o esporte ajuda na formação de caráter dos jovens e eu me sinto responsável por fazer isso, de ajudar na formação do caráter do ser humano através do esporte”, destaca.
Para Ferreira, o esporte tem o poder de abrir portas para a vida, lição que passa para os alunos do Instituto e que passou para os alunos da UME Irmão José Genésio.
“Quero mostrar um exemplo próximo para a galera que estuda. Isso sempre esteve muito latente em mim. O intuito do Instituto é esse, estimular os jovens, mostrando que independente do que eles sonham, eles têm que acreditar, têm que correr atrás. Não é fácil, mas que tem que acreditar”.