Postos na Baixada Santista têm bombas lacradas após constatação de adulteração e fraudes; VÍDEO
Por Santa Portal em 21/10/2025 às 15:00
A Polícia Civil lacrou bombas de combustíveis e apreendeu equipamentos em postos de Praia Grande e Santos durante a Operação Octanagem, deflagrada nesta terça-feira (21) pela 3ª Delegacia da Divisão de Investigação sobre Crimes contra a Administração e Combate à Lavagem de Dinheiro (Dicca), do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC).
A ação é um desdobramento da Operação Carbono Oculto e teve como alvo cinco postos na Baixada Santista ligados a uma organização criminosa suspeita de adulterar combustíveis e lavar dinheiro. Durante as vistorias, também realizada em um estabelecimento de Araraquara, foram constatadas adulterações e fraudes volumétricas em quatro locais, que tiveram as bombas lacradas.
Além disso, os policiais apreenderam máquinas de cartão, computadores e documentos financeiros. Foram encontrados ainda indícios de empresas de fachada utilizadas para ocultar os reais proprietários dos postos.
As fiscalizações ocorreram com apoio da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Instituto de Pesos e Medidas do Estado de São Paulo (IPEM), Secretaria da Fazenda, Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Araraquara e do Departamento de Inteligência da Polícia Civil – Dipol, reunindo 32 policiais civis. Na Baixada Santista, os locais vistoriados foram:
Santos: Auto Posto Super Senna LTDA (Avenida Washington Luís, nº 434 – Gonzaga) e Auto Posto Novo Milênio (Rua Conselheiro Rodrigues Alves, nº 385 – Macuco);
Praia Grande: Auto Posto Quasar LTDA (Avenida Presidente Kennedy, n° 12970 – Vila Caiçara); Auto Posto Platinum (Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinhas, nº 8989 – Vila Mirim) e Auto Posto Panamera LTDA (Avenida Presidente Kennedy, nº 10136 – Maracanã).
Esquema criminoso
De acordo com o delegado Tiago Fernando Correia, o objetivo foi “atacar o braço varejista do esquema”, com foco em postos ligados a familiares de Mohamad Hussein Mourad, um dos principais operadores do esquema criminoso, que envolveria fraudes fiscais, fraudes contábeis, estelionato e lavagem de dinheiro, entre outros delitos que estão sendo investigados. A reportagem não conseguiu localizar a defesa dele.
Segundo os promotores, Mourad administra uma rede de empresas – o que inclui usinas sucroalcooleiras, distribuidoras, transportadoras, produção e refino, terminais de armazenamento, redes de postos de combustíveis, conveniências e padarias- que serve para ocultar a origem e o destino de dinheiro ilícito.
Ele já havia sido alvo da Operação Cassiopeia, que investigou fraudes fiscais e contábeis na empresa formuladora de combustíveis Copape e sua distribuidora, a Aster. “Foram identificados fortes laços do grupo de Mohamad Hussein Mourad com a organização criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), especialmente através das redes de postos e distribuidoras”, diz a decisão judicial que autorizou a operação.
Depois de se tornar alvo da investigação, segundo os promotores, Mourad teria começado a constituir empresas em nome de laranjas. A investigação também aponta que a circulação do dinheiro dele e de sua família era camuflada com empresas de fachada sem finalidade econômica real, com duplicidade de CNPJs, sob titulares diversos e que incongruências contábeis e fiscais – “todos sinais evidentes de instrumentalização para lavagem de capitais”, segundo a investigação, que continua para identificar os responsáveis e aprofundar o combate ao esquema bilionário de fraudes no setor de combustíveis.
*Com informações da Folhapress
Operação Carbono Oculto
No total, mais de 1.400 agentes participaram da Operação Carbono Oculto, que se estendeu por oito estados e teve mais de 350 alvos entre pessoas físicas e jurídicas. As autoridades classificaram a ação como a maior já realizada no país contra a estrutura financeira do crime organizado.
De acordo com a Polícia Federal, a investigação alcança toda a cadeia de comercialização de combustíveis controlada por grupos criminosos, desde a importação e distribuição até a venda ao consumidor final. Na Baixada Santista, os mandados tiveram como foco estabelecimentos e pessoas suspeitas de integrar o esquema e facilitar a lavagem de dinheiro da facção.