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Justiça mantém prisão de trio acusado de matar Igor Peretto a facadas

Por Santa Portal em 02/07/2025 às 20:00

Reprodução
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A Justiça do Estado de São Paulo manteve as prisões preventivas do trio Mário Vitorino, Marcelly Peretto e Rafaela Costa, acusados de homicídio doloso qualificado contra Igor Peretto, em 31 de agosto de 2024, em Praia Grande, no litoral de São Paulo. A vítima foi morta com cerca de 40 facadas, segundo o laudo necroscópico.

Os pedidos de liberdade provisória foram indeferidos pela Vara do Júri da Comarca de Praia Grande após audiência de instrução, finalizada em 16 de junho. A decisão publicada nesta quarta-feira (2) e assinada pelo juiz Bruno Rocha Julio, substituto Felipe Esmanhoto Mateo, que está de férias, também negou pedidos das defesas dos acusados – cunhado, irmã e viúva da vítima – para novas perícias e juntada de documentos.

O magistrado considerou que permanecem presentes os requisitos para a prisão preventiva: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal e aplicação da lei penal.

Segundo a decisão, o crime foi cometido com “violência incomum”, e a conduta dos acusados após o fato – como a fuga do distrito da culpa, especialmente Mário, preso em Torrinha, no interior de São Paulo, e a suposta tentativa de apagar dados de celulares – reforça a necessidade de manter a custódia.

Ainda que a fase de instrução em juízo tenha sido encerrada, o juiz entendeu que o risco de interferência na etapa do júri permanece. Há testemunhas protegidas nos autos, e o processo ainda passará por julgamento em plenário.

As defesas alegaram excesso de prazo, mas o juiz rejeitou a tese. Segundo ele, o processo é complexo, envolve três réus, diversos advogados e foi marcado por múltiplos incidentes processuais.

Perícias negadas e celulares devolvidos

Um dos pedidos negados foi o de realização de perícia em unhas postiças supostamente relacionadas ao crime. O juiz afirmou que não há registro de apreensão do material nos autos, o que inviabiliza a análise. Também rejeitou perícia em vestimentas, por considerar que o tempo decorrido tornou inviável a extração de vestígios biológicos. Ambas as solicitações foram feitas pela defesa de Marcelly.

Apesar disso, Rocha Julio autorizou a devolução dos celulares apreendidos. A perícia nos dispositivos foi concluída, e os dados extraídos foram incorporados ao processo. Para o juiz, não há mais interesse processual que justifique a retenção dos aparelhos físicos. A Justiça ainda decidirá se os réus serão levados a júri popular.

Outro lado

Ao Santa Portal, a defesa de Mário Vitorino, representada pelo advogado Mario Badures, afirmou que não foi formalmente intimada da decisão e destacou que a devolução dos celulares será essencial para “afastar a fictícia versão do ‘trisal’ e da premeditação”, hipótese que, segundo ele, já foi descartada pela Polícia Civil.

Badures criticou o indeferimento de diligências técnicas e afirmou que a cadeia de custódia das provas digitais, bem como o suposto vazamento de informações sigilosas à imprensa, serão levados ao Tribunal de Justiça. Ele também sustenta que a prisão cautelar já não se justifica diante do conjunto probatório e disse confiar na imparcialidade do Judiciário na próxima etapa do processo, quando espera que as qualificadoras “sejam ao menos decotadas”.

A defesa de Rafaela Costa, representado pelo advogado Yuri Cruz, solicitou a restituição do celular da acusada, com o objetivo de viabilizar o acesso dos advogados ao conteúdo do aparelho e apurar elementos que possam reforçar, segundo ele, a ausência de responsabilidade penal da ré no crime doloso contra a vida.

Embora a prisão preventiva tenha sido mantida, os defensores afirmam que essa circunstância “certamente será melhor avaliada no momento da sentença, que se aproxima”. A defesa sustenta ainda que a impronúncia de Rafaela é “medida imperiosa”, pois as provas colhidas na instrução demonstrariam que as acusações não se sustentam.

Segundo os advogados, a própria autoridade policial e investigadores da Polícia Civil afirmaram em juízo que não houve premeditação, que a versão do “folclórico trisal” é infundada e que Rafaela não teria obtido qualquer vantagem financeira com o crime.

Procurada pela reportagem, a defesa de Marcelly Peretto não respondeu até o fechamento desta matéria. O texto será atualizado assim que houver um posicionamento oficial.

Relembre o caso

Igor Peretto, de 27 anos, foi morto a facadas dentro de um apartamento no Canto do Forte, em Praia Grande, na madrugada de 31 de agosto do ano passado. A irmã e o cunhado da vítima também estavam no imóvel, mas foram embora antes da chegada de policiais militares. O edifício onde ocorreu o assassinato fica na Avenida Paris, 724.

Acionados para atender a uma ocorrência de “desentendimento” no prédio, policiais militares chegaram ao local por volta das 7h30 e foram recepcionados pela síndica. De acordo com essa testemunha, foram ouvidos muito barulho e gritos vindos de um apartamento do quarto andar. Como ninguém atendeu a campainha do imóvel, os PMs recorreram a um chaveiro para abri-lo.

No corredor e em outras partes do apartamento havia diversas manchas de sangue. O corpo de Igor foi encontrado caído em um quarto, próximo à janela. O imóvel estava bastante revirado, indicando a ocorrência de luta corporal. Com 22 centímetros de lâmina, uma faca foi encontrada no banheiro suja de sangue, sendo apreendida para ser submetida a perícia.

Divulgação

Mario Vitorino foi localizado e preso na manhã de 15 de setembro, em Torrinha, no interior de São Paulo, a 352km de onde ocorreu o crime. Mario estava foragido desde o dia 31 de agosto, quando ocorreu o crime.

O cunhado foi localizado por Tiago Peretto, irmão de Igor, após familiares receberem uma denúncia. Tiago, que é vereador em São Vicente, foi até Torrinha e localizou o foragido.

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