Santista vai representar Wista Brazil em evento da IMO em Londres

Uma santista representará a Wista Brazil em evento promovido pela Organização Marítima Internacional (IMO) nesta quinta (15) e sexta-feira (16), em Londres, como parte das comemorações do Dia Internacional da Mulher Marítima. A data é celebrada oficialmente no próximo domingo (18).

Fernanda Pierotti, profissional do segmento portuário há 12 anos e membro da Wista Brazil, foi escolhida para marcar a presença brasileira no simpósio da IMO, cujo tema deste ano será “um oceano de oportunidades para as mulheres”. durante o evento serão apresentados os resultados da pesquisa global IMO-Wista 2024 e entregue o prêmio de igualdade de gênero da IMO 2025.

A Wista é uma organização internacional de networking cuja missão é atrair e apoiar mulheres que atuam nos setores marítimo, comercial e de logística. O prêmio de igualdade de gênero da imo será concedido à empreendedora marítima Karin Orsel, Ceo do grupo MF Shipping, reconhecida por sua longa trajetória como defensora da diversidade e inclusão na indústria de navegação. Empreendedora desde jovem, Karin construiu uma carreira sólida como gestora e líder global – presidiu a Wista International, hoje lidera a ECSA e a Iswan, e continua abrindo portas para mais mulheres no setor.

A brasileira Flavia Takafashi, diretora da Antaq e membro da Wista Brazil, também será homenageada no mesmo evento. ela receberá menção honrosa por integrar políticas de gênero ao marco regulatório do setor portuário brasileiro e por sua atuação em prol da diversidade e da equidade.

“É um privilégio testemunhar esse reconhecimento tão significativo para todos nós. essas lideranças femininas estão moldando um setor mais justo, forte e representativo. as pesquisas mostram avanços, sim – a presença feminina tem crescido no setor marítimo e portuário -, mas ainda há um longo caminho a percorrer. e são justamente essas mulheres que vêm inspirando mudanças concretas. a diversidade não é apenas uma questão de representatividade: ela é a mola propulsora de melhorias reais, promovendo eficiência, inovação e novos olhares que fortalecem todo o setor”, afirmou Fernanda Pierotti.

Os dados confirmam o crescimento mencionado por Fernanda. de acordo com pesquisa da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), as mulheres ocupavam em 2024, 17,7% das vagas no setor portuário mundial. as autoridades portuárias, embora apresentem a maior presença feminina no total de cargos (26,3%), registram baixa participação em posições de liderança (12,5%).

No Brasil, o quadro é semelhante. números da 2ª pesquisa sobre equidade de gênero no setor aquaviário de 2024, elaborada pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) mostram que as mulheres representam 17,8% do total de empregos no setor portuário brasileiro, aumento de 0,5 pontos percentuais em relação a 2022. ainda segundo os dados, em relação a 2022, a proporção de mulheres aumentou nos cargos de gerência de 22,5% para 25%. já nos cargos de direção, houve queda de 16,7% para 15%. os números destacam a necessidade de políticas estratégicas para melhorar a meta dos objetivos de desenvolvimento sustentável (Ods) de alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres.

Pesquisa da Antaq sobre participação feminina no porto

As mulheres representam 17,8% do total de empregos no setor portuário brasileiro, um aumento de 0,5 pontos percentuais em relação a 2022. os dados são da segunda pesquisa sobre equidade de gênero no setor aquaviário de 2024, elaborada pela Antaq.

Nesta edição da pesquisa, foram adicionadas informações sobre a participação feminina nos conselhos de administração das empresas e nos conselhos de autoridade portuária (Caps) nos portos brasileiros. 

Os conselhos de administração estão presentes em 47,8% das empresas que responderam à pesquisa de 2024, com participação feminina de 16,8%. por sua vez, os Caps, presentes em todos os portos públicos, são compostos por somente 8,4% de mulheres.

A pesquisa também diferenciou cargos operacionais, com 10% de participação feminina, e cargos administrativos, com 40%.

Outro dado levantado é em relação à participação por tipos de empresas do setor. as empresas brasileiras de navegação (ebns) de cabotagem de contêineres têm o maior percentual de mulheres em cargos de direção (31,2%) e o segundo maior no agregado de todos os cargos (26,1%).

As autoridades portuárias, embora apresentem a maior presença feminina no total de cargos (26,3%), registram baixa participação em cargos de direção (12,5%). A navegação interior é o subsetor com menor representatividade feminina, tanto no total de cargos (10,1%) quanto nos cargos de direção (5,6%).

Tendência global

Os dados brasileiros não são muito diferentes dos números globais. de acordo com dados da Uunctad, em 2024, as mulheres ocupavam 17,7% das vagas no setor portuário mundial.

A participação feminina é significativamente menor nas funções operacionais e de movimentação de cargas. os números destacam a necessidade de políticas estratégicas para melhorar a meta da Ods de “alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”.

Equidade na Antaq

O levantamento também trouxe um panorama da equidade de gênero dentro da Antaq. de acordo com os dados, dos 389 servidores da agência, 26% são mulheres. dentre as servidoras, 2% ocupam cargos de diretora/superintendente, contra 3,5% de homens. nos cargos de gerência/assessoramento, a participação feminina aumenta para 37,6% frente a 36,5% dentre os homens.

Como forma de incentivar o avanço da presença feminina no mercado aquaviário e marítimo, a Antaq tem promovido ações como ofertar, desde 2008, o curso de gestão portuária exclusivamente para mulheres, realizado anualmente em Le havre, na França; e a criação da assistente virtual (iara) que está programada para acolher e orientar vítimas de assédio.

A agência também lançou, no início de 2024, o guia de enfrentamento ao assédio no setor aquaviário, um manual de boas práticas para combater o assédio contra mulheres que trabalham nos portos e na navegação brasileira focado em impulsionar protocolos que fortaleçam o setor aquaviário bem como o crescimento do país.

Recrutamento e equidade

A pesquisa também investigou a adoção de políticas de equidade nos processos de recrutamento das empresas. em 2024, 52,5% afirmaram adotar ao menos uma política de equidade de gênero – uma queda expressiva em relação aos 90,8% registrados em 2022.

Além disso, 37,3% das empresas afirmam assegurar a igualdade salarial, frente a 68,6% em 2022; e 34,5% adotam políticas de orientação sobre igualdade de gênero, em 2022 esse percentual era de 35,6%.

Terminais autorizados são as empresas que mais adotam políticas de equidade de gênero (78,7%), seguidos pelos arrendatários (55%) e das empresas de cabotagem (53,8%). por sua vez, as autoridades portuárias apresentaram o menor índice (22,2%).

O levantamento incluiu ainda perguntas abertas sobre políticas de combate ao assédio, promoção da diversidade e programas de inclusão social. das respondentes, 76,9% das empresas afirmam adotar políticas de combate ao assédio e 54,1% aplicam medidas específicas para aumentar a diversidade.