MP denuncia fisiculturista que espancou namorada por tentativa de feminicídio

O Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) ofereceu denúncia contra o fisiculturista Pedro Camilo Garcia Castro, suspeito de espancar brutalmente a sua namorada, no último dia 14. Ele foi indiciado pelo crime de tentativa de feminicídio, com emprego de meio cruel e por motivo fútil, praticado no contexto de violência doméstica e familiar.

A denúncia foi recebida pela 4ª Vara do Júri da Capital nesta sexta-feira (1º) e o processo seguirá para instrução perante o Tribunal do Júri. “O oferecimento da denúncia representa um passo importante na busca por justiça diante da extrema violência sofrida por Samira no dia 14 de julho de 2025, quando foi brutalmente agredida por Pedro Camilo Garcia Castro, sendo que o crime só não foi consumado por circunstâncias alheias à vontade do agressor, conforme reconhecido pelo Ministério Público”, disse a advogada Gabriela Manssur, que representa a família da vítima, por meio de nota.

No comunicado, a família da médica “reitera sua confiança nas instituições e reforça que acompanhará cada etapa do processo, acreditando que a responsabilização do agressor será um marco de combate à impunidade e de fortalecimento da luta contra a violência de gênero no Brasil”.

A nota informa ainda que a vítima continua em recuperação, sob cuidados médicos e emocionais, “com o apoio integral de seus familiares e amigos”.

Espancada com socos no rosto, no nariz e na boca, a médica sofreu fraturas e precisou ser intubada em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Submetida a cirurgia reparadora, ela recebeu alta hospitalar após 13 dias, porém, mais uma operação, ao menos, ainda será necessária. Com perda de memória, a vítima recebe tratamento multidisciplinar nas áreas de bucomaxilofacial, fisioterapia, neurologia, psiquiatria e psicologia.

Desembargador nega soltura

O desembargador Klaus Marouelli Arroyo, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), negou pedido liminar em habeas corpus formulado pela defesa do fisiculturista Pedro Camilo Garcia Castro, de 24 anos, que foi autuado em flagrante por tentativa de feminicídio contra a namorada. A vítima é médica e o crime ocorreu no dia 14 de julho, data do seu 27º aniversário.

O advogado do fisiculturista requereu no habeas corpus a revogação da prisão preventiva do cliente, decretada em audiência de custódia. Em contrapartida, ele sugeriu a imposição, “se for o caso, de todas as medidas cautelares descritas nos incisos do artigo 319 do Código de Processo Penal”. Com o indeferimento da liminar, a 7ª Câmara de Direito Criminal do TJ-SP julgará o mérito do HC em data a ser ainda definida.

Segundo o defensor, o juiz Diego de Alencar Salazar Primo, da Vara das Garantias da Região de Santos, se valeu de “fundamentação completamente genérica – aplicável a todo e qualquer caso – para o fim de demonstrar a suposta insuficiência das medidas cautelares no caso concreto”. Disse ainda que o julgador “empregou retórica narrada pela mídia, que não encontra respaldo algum nos elementos inquisitoriais”.

Porém, Klaus Arroyo assinalou não ser possível constatar de imediato qualquer irregularidade na decisão do magistrado, razão pela qual indeferiu a liminar e manteve a prisão preventiva. O desembargador ponderou que a análise mais aprofundada do pedido da defesa se confunde com o próprio mérito do HC, cabendo ao colegiado fazê-la, após a vinda de informações solicitadas ao juiz.

Fuga e flagrante

O casal de namorados reside em Santos, mas o ataque aconteceu em um apartamento de Moema, na Zona Sul de São Paulo. O fisiculturista e a médica alugaram o imóvel por meio de uma plataforma de locação para comemorar o aniversário dela. Acionados por moradores do edifício, policiais militares se depararam com a vítima caída e inconsciente no interior da moradia. O agressor já havia fugido.

Horas depois, Pedro Camilo foi detido por outros PMs em Santos. Ele dirigia o Honda Fit da médica e alegou que viu no celular da vítima conversas dela com outro homem, inclusive com o encaminhamento de “nudes”. Porém, ao ser interrogado na Delegacia da Defesa da Mulher (DDM) de Santos, onde foi autuado e estava assistido pelo advogado, o fisiculturista se reservou ao direito constitucional de apenas falar em juízo.

Em virtude dos socos que desferiu na namorada, Pedro Camilo fraturou a mão esquerda. Ele segue preso no Centro de Detenção Provisória (CDP) de São Vicente. Segundo a defesa, o fisiculturista realiza psicoterapia e tratamento psiquiátrico, além de fazer uso contínuo de medicamentos. O advogado também informou que é investigado no cliente possíveis transtornos bipolar e da personalidade esquizoide.