Mãe denuncia omissão após briga em escola de Santos: “Meu filho está com medo de voltar”
Por Santa Portal em 13/11/2025 às 10:00
Uma mãe denunciou a agressão sofrida pelo filho de 12 anos dentro da Unidade Municipal de Ensino (UME) Ayrton Senna da Silva, no bairro Campo Grande, em Santos, no litoral de São Paulo, e acusou a direção da escola de omissão. O caso aconteceu na tarde de terça-feira (11) e, segundo ela, o menino vem sofrendo perseguições e provocações constantes de um colega, que também mora na mesma rua da família, no Marapé.
“Esse aluno vive xingando o meu filho, tanto na escola quanto na rua. Até comigo ele já foi desrespeitoso”, contou Amanda Baptista, mãe do menino, de 31 anos, em entrevista ao Santa Portal. Ela relata que o conflito já vinha se arrastando há meses. “Um dia a gente estava no mercado, ele entrou na fila atrás da gente e começou a me xingar, chamando meu filho de frouxo e covarde. Ele se segurou, mas vinha guardando tudo isso”.
Na terça-feira, durante a entrada dos alunos, a situação terminou em agressão física. “Esse menino deu um tapa no rosto do meu filho, que revidou com socos. Aí ele chamou os amigos, jogaram meu filho no chão e começaram a chutar as costas dele. Ele não conseguiu ver quem eram todos, porque agiram por trás”, afirmou Amanda.
Segundo ela, a escola não conseguiu conter a briga. “Soube por outros alunos que quem tirou meu filho dali foram dois amigos dele, que o levaram para o banheiro. A tia da biblioteca também ajudou e disse que o que fizeram foi desumano. A escola diz que tentou intervir, mas como não conseguiram separar dois meninos de 12 anos magros?”, questionou. “Além disso, meu filho contou que a diretora gritou com ele, dizendo: ‘sempre você na minha frente, briga, sempre é você’. Quando cheguei, só o meu filho estava na diretoria; os outros já tinham sido liberados, e um deles ainda saiu tirando sarro”, relatou.
A Prefeitura de Santos, por sua vez, disse que funcionários da escola presenciaram o conflito e a intervenção foi imediata (veja a nota abaixo). A mãe e os avós chamaram a Polícia Militar e a Guarda Municipal, que estiveram na unidade e orientaram os familiares sobre o procedimento para solicitar as imagens das câmeras. A família registrou boletim de ocorrência e aguarda o acesso às gravações.
Amanda afirma que, mesmo após o episódio, a escola não entrou em contato. “Eu que liguei no dia seguinte para pedir um relatório e dizer que ele não queria voltar. Ninguém me procurou para perguntar se ele estava bem. Ele está com medo de voltar, e eu também. Hoje ele apanhou; amanhã pode acontecer algo pior”.

A mãe diz ainda que o filho vem se sentindo desprotegido e desmotivado. “Ele falou que, se voltarem a tirar sarro dele, vai pra cima dos meninos, porque está cansado de ser xingado. Tento mostrar que não é assim que se resolve, mas ele perdeu a confiança na escola”. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que não há registro de ocorrência sobre o caso.
No mês passado, o menino já havia sido ferido dentro da escola, quando vou uma tesourada no ombro dada por uma colega de classe. Segundo a mãe, a direção não a comunicou sobre o ocorrido, e nem mesmo estaria ciente do fato no dia. “Fui eu quem informou a escola sobre o que aconteceu. Disseram para eu ir direto à delegacia, mas quando coloco o meu filho aqui, é a escola que está responsável pela segurança dele”, afirmou.
O episódio anterior foi posteriormente mediado. “Meu filho contou que segurou a mão dela para impedir que pegasse canetinhas, porque ela queria rabiscar ele e um amigo. Conversei com a avó da menina, a diretora tentou amenizar a situação e ficou por isso mesmo. Só que dessa vez, com a agressão, falei que não ia ficar calada e coloquei o caso na internet”, completou.
O que diz a Prefeitura de Santos?
A Prefeitura de Santos, através da Secretaria de Educação de Santos (Seduc), informou, em nota, que funcionários da escola presenciaram “um episódio de conflito entre dois alunos, durante o horário da entrada”. Segundo o órgão, a intervenção foi imediata, “garantindo a segurança de todos e encaminhando os alunos envolvidos para espaços adequados, a fim de acolhê-los e compreender melhor a situação”.
A pasta afirmou que as famílias foram contatadas pela escola e que uma delas compareceu à unidade, sendo acolhida pela coordenadora pedagógica e pela psicóloga educacional para diálogo e orientação. A direção também acionou a Guarda Municipal, que realizou o registro do fato conforme os protocolos.
A Seduc acrescentou que reitera seu compromisso com “a promoção de uma cultura de paz, do respeito mútuo e da escuta ativa entre os alunos” e que serão planejadas ações com base nos princípios da Justiça Restaurativa, que buscam o diálogo, a corresponsabilidade e a reconstrução das relações, contribuindo para a prevenção e o enfrentamento de situações de violência e bullying no ambiente escolar.
O órgão destacou ainda que o município está implementando o projeto Semeadores da Paz, Vozes da Paz, com participação de alunos do Grêmio Estudantil, do programa Santos Jovem Doutor e de Alunos Ouvidores.