Assassinato de ex-delegado Ruy Ferraz foi ordem da cúpula do PCC, dizem promotores
Por Tulio Kruse/Folhapress em 22/11/2025 às 06:00
Promotores do Ministério Público de São Paulo denunciaram nesta sexta-feira (21) oito pessoas sob a acusação de participar do assassinato do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes. Ele sofreu uma emboscada e foi morto com tiros de fuzil em Praia Grande, no litoral paulista, há pouco mais de dois meses.
Segundo a denúncia, assinada por cinco integrantes do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), os criminosos planejavam o crime ao menos desde março deste ano. O documento diz, ainda, que a motivação foi uma ordem da cúpula do PCC (Primeiro Comando da Capital), que estava sendo cobrada por integrantes da base da facção criminosa.
“Em razão da firme atuação do ofendido contra o PCC, ao menos desde o ano de 2019, a ‘sintonia
geral’, formada pelo alto escalão da citada organização criminosa, determinou a morte do doutor Ruy Ferraz Fontes, a ser executada por seus faccionados”, diz a denúncia.
Sete suspeitos que, segundo a investigação policial, participaram diretamente do ataque, foram denunciados sob acusação de homicídio qualificado, porte ilegal de arma de uso restrito e tentativa de homicídio contra duas vítimas – já que os disparos atingiram duas pessoas que estavam na rua, próximo ao cruzamento onde o carro de Ruy Ferraz foi interceptado.
A oitava denunciada, Dahesly Oliveira Pires, responderá pela suspeita de crime de favorecimento. Ela é acusada de transportar um fuzil para Luiz Antônio Rodrigues de Miranda, o Gão, que teria participado diretamente do ataque.
Os promotores atribuem papel de liderança a Marcos Augusto Rodrigues Cardoso -conhecido pelos codinomes Pan, Fiel e Penélope-, que teria recrutado os outros integrantes para o assassinato. Uma das provas disso, segundo a denúncia, é uma mensagem que agradece pela “oportunidade concedida” enviada a Marcos Augusto por Umberto Alberto Gomes – que acabaria morto em confronto com policiais no Paraná, durante a tentativa de cumprir um mandado de prisão contra ele.
“Em extração de conversas por aplicativo de mensagens, descortinou-se extenso diálogo entre Umberto Alberto e Marcos Augusto, em que discutiam o andamento das investigações e situações que, acaso descobertas, poderiam vinculá-los aos fatos”, diz trecho da denúncia.
O documento registra, por exemplo, que eles falavam sobre o andamento das investigações e a necessidade de ocultar vestígios que os conectassem com o assassinato. Eles discutiram a possibilidade de destruir um Renault Logan branco “que conteria, segundo seus prognósticos, as impressões digitais de todos os membros do grupo criminoso”.
Entre os denunciados, quase todos estão presos. Gão e Flávio Henrique Ferreira de Souza (o Beicinho ou Neno), que teve as impressões digitais encontradas num Jeep Renegade que seria usado na fuga dos criminosos, são os únicos foragidos.
Polícia Civil indiciou 12
Quatro pessoas que chegaram a ser presas durante as investigações ficaram de fora da denúncia. Rafael Marcell Dias Simões (Jaguar), Luiz Henrique Santos Batista (Fofão), Danilo Pereira Pena (Matemático) e José Nildo da Silva não estão no rol dos denunciados por falta de provas.
Jaguar, por exemplo, chegou a ser apontado como um dos atiradores pelo secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, durante uma entrevista coletiva. Fofão é o motorista que o transportou no mesmo dia do crime, segundo a investigação policial, a pedido de Matemático.
José Nildo foi visto no dia do crime com um colete à prova de balas e uma arma longa entrando numa das casas que, segundo a investigação, teria sido usado no crime. O DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa) abriu um novo inquérito para continuar as investigações.
Quem são os denunciados pela morte de Ruy Ferraz
Felipe Avelino da Silva
Flávio Henrique Ferreira de Souza
William Marques
Luiz Antônio Rodrigues de Miranda
Paulo Henrique Caetano Sales
Cristiano Alves da Silva
Marcos Augusto Rodrigues Cardoso
Dahesly Oliveira Pires