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22/05/2025

Advogado de mulher morta por sargento critica PMs: "Qual explicação para não terem agido?"

Por Santa Portal em 22/05/2025 às 20:00

Reprodução
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O advogado Claudino Vicente, que representa a família de Amanda Fernandes Carvalho, falou que os policiais militares presentes na ocorrência que terminou com a morte dela poderiam ter impedido o crime cometido pelo sargento Samir do Nascimento Rodrigues de Carvalho.

Segundo Claudino, isso ficou claro durante a reconstituição, realizada na durante a manhã e a tarde desta quinta-feira (22), no consultório localizado na Vila Belmiro, em Santos.

“Eles estavam a um ou dois passos para qualquer coisa ali dentro, os policiais estavam a um passo de onde aconteceu o crime. Agora, qual vai ser a explicação deles para não terem agido? A gente vai ter que aguardar, mas sem dúvida nenhuma não agiram”, disse Claudino, acrescentando que o médico também poderia ter sido atingido pelos tiros efetuados por Samir. “Ele dispara várias vezes contra a filha e a esposa. O médico não foi atingido por acaso, por pura sorte”, comentou.

A delegada Debora Lázaro, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Santos, destacou a importância da reconstituição – que não contou com a presença da filha do casal, de 10 anos – e apontou que esse foi um passo importante dentro da investigação.

“A reconstituição é de suma importância para averiguar pontos que no inquérito policial parecem nebulosos. Hoje pudemos analisar todo o cenário, observando horários e a maneira como policiais entraram no corredor, se (o suspeito) estava armado ou não. Sobre o acusado, ele não contribuiu (com a reconstituição) porque ele não se recordava de quase nada do que aconteceu”, afirmou Debora, que ainda informou a versão dos PMs, durante a reconstituição, para não terem evitado o crime.

“No caso dos policiais militares, o que ocorreu é que eles disseram ter informado (o Samir) quando entraram no corredor. Segundo eles, a testemunha estava na porta do consultório, mas ela não quis sair tão rápido do corredor, o que dificultou para eles averiguarem a situação”, completou.

Já o advogado de defesa, Paulo de Jesus, disse que irá aguardar a conclusão das investigações para se pronunciar oficialmente sobre o caso. Porém, ele negou que o sargento da PM tivesse a intenção de atirar contra a própria filha.

“A reconstituição é importante para trazer a verdade real do que aconteceu nesse fatídico dia. O Samir contribuiu com a reconstituição até determinado ponto, depois de determinado ponto ele não se recordava mais. Ele contribuiu com o que era possível. Detalhes importantes virão à tona com o laudo da perícia que será apresentado. A defesa vai se manifestar quando as provas vierem aos autos. Até onde se tem no inquérito, ele não demonstrou intenção de acertar a filha, evidentemente. O relacionamento (do casal) estava muito ruim, não era harmonioso. Tanto que degringolou para essa situação trágica. Mas as motivações virão no decorrer da investigação”, declarou.

Entenda o caso

O sargento Samir Carvalho matou a sua mulher, de 42 anos, e atirou contra a própria filha, de 10 anos, ao invadir um consultório clínico localizado no canal 1, em Santos, no dia 7 de maio.

Samir matou Amanda com 51 facadas em diversas partes do corpo. O policial também atirou três vezes contra a vítima.

O sargento da PM teve a sua prisão em flagrante convertida em preventiva, foi afastado de suas funções e teve o sigilo do celular quebrado. Ele foi levado para o Presídio Militar Romão Gomes, na Capital, e deve retornar a Santos para a reconstituição. Sua esposa, Amanda Fernandes, morreu no local, enquanto a filha ficou seis dias hospitalizada na Santa Casa de Santos.

Inquérito Policial

A Polícia Militar de São Paulo instaurou um Inquérito Policial Militar para apurar com rigor a conduta dos policiais acionados para a ocorrência que culminou em feminicídio e tentativa de homicídio em uma clínica médica na Vila Belmiro, em Santos, na tarde de quarta-feira (7). Um sargento da própria corporação matou a esposa e feriu a filha de 10 anos.

De acordo com a SSP, os agentes foram chamados via Copom para atender a uma ocorrência inicialmente descrita como “desinteligência”. No local, encontraram a vítima, Amanda Fernandes, de 42 anos, e a filha trancadas em um consultório, enquanto o autor do crime, o sargento Samir Carvalho, de 46 anos, aguardava do lado de fora.

Ainda de acordo com o boletim de ocorrência, após o policial mostrar que não estava armado, a porta foi aberta. Em seguida, Samir invadiu o consultório, sacou uma arma, disparou contra a esposa e a filha, e ainda desferiu aproximadamente dez facadas na mulher. A PM investiga se houve falhas na atuação dos agentes inicialmente acionados, especialmente no momento em que decidiram permitir que o sargento voltasse a ter contato com as vítimas.

Amanda, diretora de comércio exterior, não resistiu aos ferimentos e morreu no local. A vítima fatal deixou outros dois filhos.

Samir Carvalho, que estava de folga no momento do crime, foi contido e preso em flagrante por outros policiais. Ele foi levado para o Presídio Militar Romão Gomes, na Capital, e responderá por feminicídio, tentativa de homicídio e violência doméstica. 

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