Novo presidente toma posse prometendo unir Coreia do Sul e crescer
Por Nelson de Sá/Folhapress em 04/06/2025 às 10:28

O novo presidente da Coreia do Sul, Lee Jae-myung, assumiu o cargo nesta quarta (4) prometendo unir o país e retomar o crescimento econômico, após seis meses de crise política. Foi durante discurso de posse na Assembleia Nacional, a mesma que, em dezembro, havia sido cercada por militares durante uma lei marcial que durou poucas horas.
“Não importa quem você apoiou nesta eleição, servirei como um presidente que acolhe a todos e serve a todos os cidadãos”, afirmou, acrescentando, sobre a economia: “Criarei uma sociedade em constante crescimento e desenvolvimento”. Segundo ele, “é hora de restaurar a qualidade de vida da população, hoje à beira do abismo”.
O impacto das tarifas americanas levou a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) a reduzir a projeção de crescimento da Coreia do Sul neste ano para 1%, em comparação com uma projeção de 2,1% em dezembro. O Banco da Coreia, seu banco central, foi além e fez uma previsão de 0,8%. As exportações caíram 1,3% em maio, em relação ao mesmo mês de 2024. As vendas para os Estados Unidos, no mês, caíram 8,1%.
Sublinhando o foco imediato na situação econômica, Lee usou sua primeira ordem executiva para criar uma força-tarefa de emergência. “Vou apoiar os líderes empresariais para que criem seus negócios livremente, cresçam e concorram no mercado global”, disse. “A inovação e o novo crescimento só são possíveis se o país enfrentar os desafios.”
Citou, no contexto econômico, que “a febre internacional pela cultura coreana deve ser consolidada no desenvolvimento da indústria cultural e na criação de bons empregos”.
Por outro lado, questionou a visão de “crescimento primeiro, distribuição depois”. Segundo Lee, os dois “não são contraditórios, mas complementares”, argumentando: “A polarização devido à desigualdade virou uma barreira ao crescimento, e compartilhar as oportunidades e os frutos do crescimento de maneira equitativa é o caminho para um crescimento sustentável”.
Segundo a imprensa sul-coreana, as palavras mais usadas no discurso foram “crescimento” e “mundo”, ambas cerca de 20 vezes. No caso da segunda, Lee apresentou a Coreia do Sul como “um modelo de democracia para o mundo” e a posse do novo governo como “um tempo para reanimar a democracia”. Afirmou que seu país “abre um novo capítulo na história mundial da democracia, ao suprimir um golpe do líder supremo com simples bastões de torcida”, sobre os pequenos infláveis plásticos de mão usados nas manifestações de dezembro.
Acrescentou, em referência indireta ao K-pop, a indústria cultural sul-coreana: “A K-democracia estabeleceu um exemplo claro para pessoas em todo o mundo que buscam um novo caminho para a democracia em risco”.
Durante a campanha, em que foi acusado de ser pró-China, Lee declarou repetidamente que seria “pragmático” nas relações exteriores, citando tanto Pequim como Washington, Tóquio e Moscou. No discurso, voltou a falar em “diplomacia pragmática”.
O líder chinês, Xi Jinping, parabenizou Lee pela eleição e afirmou que os dois países, “desde o estabelecimento de relações há 33 anos, transcenderam diferenças ideológicas e de sistemas sociais, avançaram de mãos dadas e alcançaram sucesso mútuo”, segundo a agência Xinhua.
Pelos EUA, segundo o site do Departamento de Estado, o secretário Marco Rubio parabenizou Lee e afirmou que os dois países “compartilham um compromisso inabalável com a aliança [bilateral], fundamentado em nosso tratado de defesa mútua, valores compartilhados e laços econômicos profundos”.
Acrescentou: “Estamos modernizando a aliança para atender às demandas do ambiente estratégico atual e enfrentar novos desafios econômicos”.