Aneel aciona bandeira vermelha patamar 2, e conta de luz vai subir em agosto
Por Folha Press em 28/07/2025 às 06:00
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) informou nesta sexta-feira (25) que a bandeira tarifária de agosto será a vermelha patamar 2, com acréscimo de R$ 7,87 a cada 100 kWh consumidos. A situação se agrava após dois meses no nível imediatamente anterior (vermelho patamar 1).
Segundo a agência, o cenário de chuvas abaixo da média em todo o país reduz a geração por meio de hidrelétricas. Esse quadro eleva os custos de geração de energia, devido à necessidade de acionamento de fontes mais caras -como as usinas termelétricas.
Dados do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) divulgados nesta sexta apontam que as chuvas estimadas para agosto estão inferiores à média em todos os subsistemas. O Sul pode registrar índice de 82% da média e o Sudeste/Centro Oeste, 76%. Para as demais regiões, a previsão é de 65% no Norte e 47% no Nordeste.
“A estabilidade nos níveis de armazenamento garante as condições de operação para atender de forma segura e eficiente as demandas de energia do país. Seguimos com uma política operativa de preservação de recursos hídricos e atentos aos cenários que virão com o decorrer do período seco”, afirmou em nota o diretor-geral do ONS, Marcio Rea.
De dezembro de 2024 a maio de 2025 a bandeira tarifária permanecia verde, refletindo as condições favoráveis de geração de energia no Brasil. Mas, recentemente, as condições hidrológicas ficaram mais restritas e o preço da energia no mercado livre subiu, apontando um cenário de mais dificuldades na geração.
A definição da bandeira na conta de luz tem reflexo direto na inflação. Em geral, o Banco Central calcula que o preço ao consumidor pode adicionar entre 2% e 10% à tarifa básica de energia elétrica.
No mês passado, o BC afirmou que havia revisado a projeção de IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) para junho de 0,27% para 0,33% principalmente por causa do preço residencial da energia após o acionamento da bandeira vermelha 1. Atualmente, a autoridade monetária projeta bandeira vermelha 2 para agosto, vermelha 1 em setembro e outubro, amarela em novembro e verde em dezembro.
Em entrevista à Folha nesta semana, o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) confirmou a possibilidade de horário de verão neste ano a depender de avaliações sobre o cenário atual de segurança energética e preço de geração.
“Pode ser uma realidade. É uma decisão técnica, não política. A energia não pode faltar em hipótese alguma. Portanto, o horário de verão vai ser discutido nos próximos 45 dias com muito vigor. Por quê? Porque caso seja decidida a necessidade do horário de verão, há de se planejar os setores aéreos, o setor de transporte, os setores estratégicos.”
O que são as bandeiras tarifárias?
O sistema de bandeiras tarifárias na conta de luz, que permite repassar mensalmente aos consumidores os maiores custos do país com a geração de energia, completou dez anos de implementação em 2025.
O mecanismo faz com que preços maiores para gerar energia, sobretudo pelo menor volume de água nas hidrelétricas, sejam transmitidos de forma mais imediata às famílias para que elas, informadas do maior custo, consumam de maneira mais consciente.
Antes, o repasse era feito de maneira defasada no reajuste anual das tarifas –o que poderia, sem uma moderação no uso da energia, impulsionar ainda mais o acerto de contas.
O responsável por escolher a bandeira tarifária mensalmente é a Aneel. É aplicada uma cobrança a depender da cor (verde, amarela, vermelha patamar 1 ou vermelha patamar 2).
A definição usa diferentes variáveis, sendo a principal o PLD (Preço de Liquidação de Diferenças) –indicador que leva em conta o valor da geração de energia e é influenciado principalmente pelas condições dos reservatórios das hidrelétricas e pela consequente necessidade de acionamento de termelétricas (ou seja, menos água significa mais custos).
Entenda as bandeiras
- Bandeira verde: custo normal, sem cobrança adicional.
- Bandeira amarela: custo moderado, com um pequeno acréscimo.
- Bandeira vermelha: custo alto, com acréscimo maior, dividido em patamar 1 e patamar 2.