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Instabilidade econômica leva bares e restaurantes a fecharem as portas em Santos

Por Beatriz Pires em 16/07/2025 às 05:00

Divulgação
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A instabilidade econômica preocupa donos de restaurantes e leva estabelecimentos a encerrarem suas atividades. No último mês, bares famosos de Santos, como o Wall Street, anunciou o encerramento das operações por meio das redes sociais. O estabelecimento se despediu agradecendo aos clientes pelo apoio. O motivo exato do fechamento não foi divulgado.

De forma semelhante, outros estabelecimentos também encerraram suas atividades no mesmo período. O Green Station, localizado no Boqueirão e integrante de uma franquia voltada à alimentação saudável em formato fast food, fechou pouco mais de um ano após sua inauguração. Ainda na mesma região, A Fuxiqueira, aberta em agosto do ano passado com a proposta de oferecer sucos, saladas e sanduíches naturais, também anunciou o fim das atividades.

Ao ser questionado, o diretor de Comunicação do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares da Baixada Santista e Vale do Ribeira (Sinhores), Gabriel Costa, aponta que a alta carga tributária e o aumento dos custos de insumos têm desafiado os empresários do setor gastronômico — que, em muitos casos, ainda enfrentam as consequências da pandemia da covid-19.

“Além disso, há a sazonalidade. Nossa região tem se destacado no turismo cultural, esportivo e de negócios, por exemplo. Mas, para que isso continue crescendo, é essencial que as administrações municipais estejam alinhadas, desenvolvendo atividades que beneficiem o nosso segmento e a economia em geral”, defende Costa.

O economista Ricardo Rocha complementa que o cenário atual exige cautela e planejamento. Ele explica que ao investir em um negócio gastronômico, o empreendedor precisa estar ciente de que grandes concorrentes e o imediatismo dos dias atuais dificultam a conquista de fidelidade do público. Por isso, investir em franquias já consolidadas pode ser uma opção mais segura. Outra preocupação, segundo ele, é a escassez de mão de obra.

“O trabalho em restaurantes já não atrai tantos jovens como antes. Isso faz com que restem apenas os estabelecimentos mais tradicionais ou voltados a públicos com renda inelástica. Em geral, restaurantes voltados à alta gastronomia, como os especializados em frutos do mar, acabam sofrendo menos”, avalia Rocha, que é doutor em Finanças.

O economista também destaca que o aumento da inflação está relacionado a fatores climáticos mal explicados e ao mau direcionamento dos gastos públicos. Alimentos como carne, frango, milho, soja e feijão tiveram alta expressiva, encarecendo a produção tanto para pequenos quanto para grandes restaurantes.

Para ele, é essencial que prefeituras litorâneas aproveitem o potencial turístico da região e criem festivais gastronômicos para atrair visitantes e movimentar o setor. Rocha aponta ainda os erros mais comuns entre novos empreendedores, como a escolha de pontos comerciais com pouco acesso ou visibilidade, ausência de planilhas de custos e cardápios longos — modelo mais indicado para casas já consolidadas.

Ainda assim, o economista reforça que sempre há espaço para novos negócios. A criatividade é um diferencial, assim como o investimento em delivery e marketing digital. Santos deve apostar no que tem de melhor — frutos do mar — e usar as redes sociais como aliadas para acompanhar tendências e se renovar constantemente.

“Temos uma gastronomia de altíssimo nível e chefs que são referência no país. Diante disso, como representantes, o nosso objetivo é buscar alternativas para garantir a resistência do nosso setor”, conclui Gabriel Costa.

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