22/11/2025

Seleção brasileira aposta em força do NBB para manter time competitivo

Por Folha Press em 22/11/2025 às 14:54

Reprodução/Instagram
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Nesta semana, a CBB anunciou a lista de 13 convocados para a primeira janela FIBA referente às Eliminatórias para a Copa do Mundo de Basquete do Catar de 2027. O time que enfrentará o Chile nas duas primeiras rodadas da fase de grupos será representado por nove atletas do NBB – eram oito na data da divulgação da lista, mas o corte de Reynan após lesão no México e sua substituição por Daniel von Haydin elevou o número inicial. O Brasil e os Estados Unidos são as únicas seleções que participaram de todas as edições da Copa do Mundo.

O grande nome da seleção para esta primeira janela será Léo Meindl, um dos melhores jogadores de sua geração e que tem feito um começo de temporada muito promissor pelo Burgos, time que disputa a Liga ACB. A convocação marca o retorno de Léo às quadras com a amarelinha, já que o ala não conseguiu disputar a última AmeriCup por motivos de lesão. Naquele contexto, chamou atenção seu compromisso com a seleção, uma vez que o craque acompanhou o time durante toda campanha, mesmo impossibilitado de disputar o torneio desde o início – algo incomum na modalidade. Léo será a referência em um grupo marcadamente nacional escolhido por Petrovic para levar o Brasil a mais uma edição da Copa do Mundo de Basquete.

Vale lembrar, ainda, que dos outros nomes que não estão atuando no NBB, Mathias Vázquez chegou a defender o Pinheiros por uma partida nesta edição do torneio e Nathan Mariano é cria do Sesi Franca e ostenta no currículo o vigente tetracampeonato da competição. Apenas Caio Pacheco, que teve toda sua carreira construída no exterior, não tem vínculo com a liga nacional – a não ser se considerarmos o fato que seu irmão, Cauã Pacheco, é uma das revelações do certame, defendendo o Pinheiros.

Criado em 2008, o NBB surgiu em um momento muito peculiar da história do basquete nacional em que múltiplos atletas desempenhavam funções relevantes na NBA. Além disso, o modelo de classificação para as principais competições FIBA não se estruturava no formato de janelas. Assim, os atletas da elite do basquete estadunidense e os principais nomes brilhando no Velho Continente eram os protagonistas e principais responsáveis por guiar a seleção nas principais competições.

Isso não significa dizer que não havia um bom nível entre os jogadores nacionais. Nomes como Alex Garcia, Marcelinho Machado e Guilherme Giovannoni muitas vezes desempenharam funções fundamentais e sem eles aquela geração não teria conseguido boa parte dos resultados que conseguiu.

No entanto, o atual cenário é inteiramente novo. Países com talento muito concentrado em um ou dois jogadores têm sofrido muito e cada vez mais boas ligas têm contribuído para o sucesso de suas seleções nacionais. Isso porque algumas das janelas FIBA ocorrem durante a temporada da NBA e, diferente do futebol, não há a menor possibilidade de conseguir a liberação dos atletas junto às franquias dos EUA. Até a última edição da Copa do Mundo e do calendário das competições continentais FIBA, sequer a Euroliga e a Eurocup, as duas principais ligas de clubes europeus, liberaram seus atletas – para esta temporada, as negociações conseguiram alguns avanços neste sentido.

Acrescente a essa complexa configuração o fato de que o formato das Eliminatórias adota o critério das equipes carregarem os resultados para a fase seguinte. Desta forma, um tropeço no primeiro grupo pode custar muito caro nas definições de vagas. Para se ter uma ideia, na disputa de vagas da última Copa do Mundo, Brasil, Venezuela, Porto Rico, México e Argentina terminaram com a mesma campanha: oito vitórias e quatro derrotas. A Argentina, de Campazzo, Deck e Laprovittola, uma nação apaixonada por basquete e então vice-campeã do mundo, foi eliminada no saldo de pontos.

O Brasil é o atual campeão das Américas e ostenta oito medalhistas no elenco que enfrentará o Chile nos dias 27 e 30 deste mês. O problema é que dentre os ausentes estão Yago e Caboclo, os pilares da geração. Sendo assim, Petrovic se voltará para a dupla de armadores que dominam as quadras brasileiras: Alexey, do Flamengo, e Georginho, do Sesi Franca, para conduzirem o seu time. Além deles, o ala-pivô Lucas Dias, referência no elenco multicampeão francano, exercerá papel preponderante. Este trio precisará replicar no cenário sul-americano o domínio que ostenta em clubes, função que ocorreu na seleção apenas situacionalmente. Os três foram muito importantes no título da AmeriCup, cada um à sua maneira. Agora serão a origem da criação das vantagens e os responsáveis por liderar um grupo notavelmente jovem.

Como as principais referências disponíveis para o técnico croata, a trinca estará em todas as convocações das Eliminatórias. Para essa primeira janela, é bom ficar de olho em Georginho que está voltando de contusão. Há ainda um quarto elemento entre os nacionais mais experientes: Gui Deodato. Embora sua carreira pela seleção seja mais esporádica e menos laureada do que a dos outros, é quase certo de que ele estará nas listas de Petrovic por prover estabilidade e qualidade ao elenco. Na última AmeriCup, ele assumiu a titularidade em função da lesão de Léo Meindl e cumpriu o papel com bom nível.

Outros três jogadores olham para esses jogos contra o Chile como uma boa oportunidade de criar um espaço dentro da seleção nacional. Brunão, pivô do Brasília, um dos grandes destaques da atual edição do NBB, até treinou com a seleção campeã da América, mas acabou não fazendo parte do grupo final. Seu estilo agressivo ao redor do aro funcionou bem demais para as seleções brasileiras que foram campeãs dos Jogos Mundiais Universitários e do Nike Global Jam 2025 e pode se consolidar para a rotação da posição 5 pensando no médio prazo. Wini Braga é outro que deve ter seus minutos nesta primeira janela.

O gigante de 20 anos, revelação do KTO/Minas, vive um momento promissor e Petrovic gosta de dar espaço a novos talentos. Além deles, Zu Jr., do Sesi Franca, é uma aposta que parece cada vez mais pronto para encarar o mais alto nível. O ala, rápido e atlético, tem mostrado evolução notória e não decepcionou ao brilhar no espaço que surgiu em virtude das lesões de David Jackson e Georginho no atual tetracampeonato nacional. Os dois estão de volta e a concorrência por minutos na sua posição vai ser grande, mas o menino de 22 anos tem se acostumado a quebrar expectativas.

Há uma grande expectativa com os dois garotos internacionais. Nathan Mariano teve notável participação na AmeriCup. Assumiu responsabilidades grandes após a lesão de Ruan e inclusive superou Mãozinha, que chegava como ex-NBA, na briga por minutos.

Agora chega com o status de atleta de G-League que inclusive treinou com o time principal do Phoenix Suns. É uma grande aposta de Petrovic que já tem valido a pena. Já Mathias, filho do pivô Shilton, ex-Flamengo e Corinthians, tem apenas 17 anos e é considerado uma joia do basquete nacional. O jovem trocou o Betis pelo projeto da Overtime Elite nessa parte final de sua transição para o basquete profissional e começou empolgando olheiros em Atlanta, onde o projeto se desenvolve. Há um esforço da CBB para ter o jovem por perto e conhecendo o estilo de trabalho de Petrovic, podemos esperar oportunidades e minutos para o garoto.

Os outros nomes que completam a lista são alas, posição com um número menor de opções da seleção brasileira pensando no médio e no longo prazo. Pedro Pastre, do Pinheiros, é outro dos jovens que Petrovic tem coragem de lançar mais cedo do que se imaginava. Excelente talento, Pastre tem 18 anos e se destaca na base brasileira há pelo menos três, tendo inclusive já passagem pelo exterior. Neste ano, com alta minutagem na elite do basquete nacional, impressiona pela maturidade e talento – tem 9.9 pontos por jogo, chutando 36% para três.

É um jogador para defender a seleção pelos próximos 15 anos. O caso de Daniel Von Haydin é um pouco diferente: evoluindo cada vez mais ao longo da carreira, tem experimentado uma sensação nova na atual temporada: jogando minutos relevantes por um dos melhores times do campeonato. Especialista em arremessos de três, Daniel foi chamado por Petrovic após Reynan, que seria certamente uma das referências da seleção, se lesionar no México. Acaba servindo como reconhecimento pelo bom momento e estímulo para evolução.

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