Fé e feeling deixam Hugo Souza mais perto da idolatria no Corinthians
Por Fábio Lázaro/Folhapress em 15/12/2025 às 12:34
As duas defesas na disputa por pênaltis contra o Cruzeiro, que colocaram o Corinthians na final da Copa do Brasil, elevaram o goleiro Hugo Souza a mais um degrau no caminho da idolatria sonhada por ele no clube.
Em meio a investidas internacionais sobretudo do Milan, da Itália, o goleiro corintiano vive o dilema entre consolidar seu nome como ídolo do Timão ou migrar para o futebol europeu.
Para Hugo, uma conquista nacional, como a Copa do Brasil, pode ser decisiva para alcançar esse status.
Pênalti defendido no instinto
Apesar de contar com uma série de dados e estudos sobre os cobradores adversários, Hugo Souza optou pela intuição ao enfrentar Gabigol na disputa por pênaltis cobrança que, se convertida, eliminaria o Corinthians.
Hugo trabalhou com o atacante no Flamengo e tinha histórico de defender suas batidas nos treinamentos do clube carioca. Por isso, abriu mão das estatísticas e confiou no feeling.
Nos meus estudos de pênaltis, preferi nem olhar os do Gabriel. É um cara que conheço há anos. Treinamos juntos desde 2019, quando ele chegou ao Flamengo, e sempre batíamos pênaltis. Se tem alguém que já defendeu pênaltis dele no treino, fui eu. Por isso fui no feeling. Vim com uma estratégia e mudei no momento. Graças a Deus, deu certo.Hugo Souza, na zona mista
Espiritualidade aguçada
A confiança do goleiro era tamanha que, antes mesmo do início da disputa por pênaltis, ele declarou aos companheiros que defenderia duas cobranças o que se confirmou. Além da batida de Gabigol, Hugo também defendeu o pênalti de Walace, nas alternadas.
Quando acabou o jogo, conversei com o Lucas Silvestre, auxiliar e filho do Dorival, e ele falou que tem momentos em que o time precisa de você. Disse que, se fosse para os pênaltis, eu poderia assumir a responsabilidade. Na roda após o jogo, falei para baterem tranquilos porque eu pegaria dois. Não é soberba, é autoconfiança. Profetizei sobre a minha própria vidaHugo Souza
Essa autoconfiança está diretamente ligada à fé. Criado em um lar cristão, o goleiro mantém uma relação intensa com a espiritualidade e não tem dúvidas de que o sucesso da classificação e de sua carreira passa por ela.
Sou de formação cristã, minha mãe é pastora, fui criado na igreja. Entendo que tudo o que acontece na minha vida, de bom ou ruim, é permissão de Deus. Faço questão de mostrar isso. ‘Jesus está no barco’ é uma passagem bíblica que eu amo. Com ele no barco, pode vir a tempestade que vier. Se estiver no barco, uma hora ela acalma e você atravessa. Se não fosse Jesus Cristo e a misericórdia dele, eu não estaria aqui.Hugo, na zona mista
Duelo de Titãs
A atuação decisiva de Hugo Souza ganhou ainda mais peso por ter ocorrido em uma disputa de pênaltis que teve Cássio do outro lado. O goleiro do Cruzeiro é um dos maiores ídolos da história do Corinthians: segundo atleta que mais vestiu a camisa do clube, segundo maior vencedor de títulos e maior pegador de pênaltis do Timão, com 32 defesas.
Em pouco mais de um ano no Corinthians, Hugo Souza já soma dez pênaltis defendidos com a camisa alvinegra números que alimentam a comparação inevitável, mas que o próprio goleiro trata com cautela.
Tem que respeitar muito a história do Cássio. Ele é um cara fenomenal, está na prateleira dos maiores ídolos do clube. Estou muito feliz com o meu momento e construindo a minha história. Não quero ser comparado a ninguém. Quero ser o Hugo e fazer minha história no Corinthians.Hugo Souza
Cássio, por sua vez, fez questão de elogiar o sucessor em potencial e demonstrou torcida para que seus próprios recordes sejam superados.
Tive contato com o Hugo desde a época do Flamengo. É um cara extremamente bacana. Torço muito por ele e espero que quebre todos os meus recordes no Corinthians.Cássio
O Corinthians está a dois jogos de ser campeão da Copa do Brasil pela quarta vez na história. O Timão enfrentará o Vasco da Gama na final.
O confronto de ida acontecerá nesta quarta-feira, na Neo Química Arena. Já a volta está marcada para o domingo, no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro.