Ex-atletas sugerem atenção na largada e calma na descida na São Silvestre
Por Lucas Bombana/Folhapress em 30/12/2025 às 17:38
Está marcada para a manhã de quarta-feira (31) a centésima edição da tradicional Corrida de São Silvestre. As largadas para as diferentes categorias ocorrerão a partir das 7h25, com o pelotão geral liberado para iniciar os 15 km de percurso às 8h10.
Corrida de São Silvestre 2025 – quarta (31)
7h25 – largada cadeirantes
7h40 – largada elite feminina
8h05 – largada elite masculina
8h06 – largada PCDs
8h08 – largada pelotão premium (masculino e feminino)
8h10 – largada pelotão geral (masculino e feminino)
Serão 55 mil participantes na disputa comemorativa dos cem anos. Houve um aumento de 47% em relação aos 37,5 mil de 2024, crescimento que não foi acompanhado pela organização, em um conturbado processo de inscrição que gerou críticas.
Os primeiros colocados da elite feminina (largada às 7h40) e da elite masculina (largada às 8h05) cruzarão a linha de chegada antes das 9h. O recorde da prova é do queniano Kibiwot Kandie, que completou o trajeto em 42min59, em 2019.
Ex-atletas que participaram da principal corrida de rua da América Latina e subiram ao pódio destacaram que, para a grande maioria dos corredores amadores, o momento é mais de procurar curtir o clima festivo que marca todo o trajeto do que de tentar estabelecer a melhor marca pessoal em uma prova cheia de gente.
“Para quem estará ali como amador, vai ter um desafio maior na largada, porque não flui muito no começo. É preciso largar bem tranquilamente”, afirmou à Folha Lucélia Peres, última brasileira a vencer a prova na categoria feminina, em 2006.
Ela acrescentou que, nessa etapa inicial, o cuidado deve ser para evitar o risco de alguma queda que atrapalhe ou até inviabilize a participação no restante da corrida.
Medalhista de bronze nos Jogos Pan Americanos de 2007, no Rio de Janeiro, Lucélia assinalou que, à medida que os corredores começam a se desvencilhar uns dos outros, o foco precisa rapidamente se voltar para os primeiros trechos de descida, na altura da av. Dr. Arnaldo e rumo à praça Charles Miller.
“A São Silvestre é uma prova que tem uma altimetria bastante variada. No seu início, ela tem uma descida bem forte, e nesse momento o atleta tem que ter autocontrole porque, senão, acaba fazendo um início muito forte. E, lá pelo meio e fim da prova, pode faltar energia”, afirmou a ex-atleta.
Em 2005, foi justamente o que aconteceu com ela, em edição na qual acabou na quarta colocação, resultado pior do que o obtido no ano anterior, quando foi vice-campeã. “Cheguei muito bem preparada, muito confiante, e acabei queimando a largada.”
Vanderlei Cordeiro de Lima, medalhista de bronze na maratona dos Jogos de Atenas, em 2004, apontou que os últimos quilômetros da São Silvestre, em especial a temida subida da av. Brigadeiro Luís Antônio até a av. Paulista, também demandam atenção especial por parte dos corredores.
“O que mais me marcou na prova foi a dificuldade no final do percurso. É sempre marcante, exige um pouco mais do atleta. Mas o ambiente da corrida traz uma força enorme. Mesmo não sendo um percurso tão fácil, a energia da cidade, da torcida, ajuda muito”, afirmou Vanderlei.
Ele recordou que na primeira vez em que participou da prova, em 1992, aos 23 anos, “ainda com cabelo”, era um atleta pouco conhecido no cenário nacional. Com o quarto lugar, ganhou visibilidade e reconhecimento dentro da modalidade. “É uma prova que faz parte da minha vida e da minha história.”
Vanderlei voltaria a participar da São Silvestre mais 11 vezes, ficando com a terceira colocação, em 1996, e novamente com a quarta, em 1994 e 2000. A última participação foi em 2008, quando ficou na 102ª colocação.
“É sempre uma prova festiva, marcante na vida de um corredor, e comigo não seria diferente. Quem sabe não surge uma oportunidade para que a gente possa voltar a correr a São Silvestre?”, disse o único brasileiro medalhista olímpico na maratona.
Vanderlei destacou a importância de os atletas estarem bem preparados para enfrentar o desafio, com uma alimentação balanceada nas horas que antecedem a prova e uma boa noite de sono.
“A dica que poderia passar é para que curtam a prova, que vivam intensamente esse momento, porque é muito marcante. Claro que todo atleta tem um objetivo, mas hoje acredito que a prova seja muito mais festiva. Só estar vivendo aquele momento ali, com intensidade, alegria, é o que faz a corrida ser tão grande como ela é.”