Deputada diz que população de Cubatão "não consegue respirar"; prefeito e Câmara reagem
Por Santa Portal em 18/07/2025 às 15:00

Uma fala da deputada federal Sâmia Bomfim (Psol) durante a votação do projeto que aprovou a Lei Geral de Licenciamento Ambiental na Câmara dos Deputados, na madrugada de quinta-feira (17), causou indignação em Cubatão.
A parlamentar fez um discurso contundente contra o projeto, em plenário, argumentando que muitas empresas ganharão dinheiro ao construírem empreendimentos, sem nenhum tipo de responsabilidade com o meio ambiente.
Em dado momento, Sâmia apontou que futuras gerações poderão sofrer com os danos ambientais e citou a cidade da Baixada Santista, dizendo que Cubatão foi “uma zona industrial que foi mundialmente reconhecida como Vale da Morte”. Ela disse ainda que, “até hoje, a população não consegue respirar pelo impacto sofrido no meio ambiente”.
Reações em Cubatão
As declarações da deputada federal levaram a Câmara dos Vereadores e a Prefeitura de Cubatão a se manifestarem.
“Ao contrário do que disse a deputada, Cubatão superou o passado em que a poluição atmosférica ocasionada pelas atividades no polo industrial comprometia o bem-estar dos munícipes. Como prova do sucesso obtido na substituição do apelido “Vale da Morte” por “Vale da Vida”, a cidade foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU), na Conferência Rio-92, como Símbolo Mundial de Recuperação Ambiental. Isso foi possível graças à dedicação dos trabalhadores que se empenharam em reverter o cenário de poluição e aos investimentos do poder público”, diz o Legislativo, por meio de nota.
“A Câmara Municipal de Cubatão conta com uma Comissão Permanente de Meio Ambiente, Proteção e Bem-Estar da Vida Animal, órgão dedicado à discussão de políticas públicas voltadas à recuperação e preservação ambiental. Esta Casa segue promovendo debates visando à construção de um município onde progresso industrial e preservação da vida caminham juntos”, acrescentou.
Já o prefeito César Nascimento apresentou uma Moção de Repúdio sobre a fala da deputada federal.
Nascimento ainda convidou a deputada a conhecer in loco a realidade atual do Município. “Tais referências, embora baseadas em um passado doloroso e real, que jamais negamos, ignoram de forma flagrante e injusta as últimas quatro décadas de um trabalho árduo, contínuo e bem-sucedido de recuperação e transformação. A Cubatão de hoje não é, sob nenhuma hipótese, a mesma da década de 1980”, afirmou.
O chefe do Executivo cubatense ainda ressaltou que “o debate público, especialmente em uma matéria tão sensível quanto a legislação ambiental, deve ser pautado por dados precisos e exemplos contemporâneos. Utilizar a imagem anacrônica e superada de Cubatão como argumento, ignorando toda a sua história de recuperação, não apenas distorce a realidade, mas também comete uma grave injustiça com cada cidadão, trabalhador, técnico e gestor público que dedicaram suas vidas a reverter o quadro do passado e construir uma nova história”.
Por fim, César Nascimento falou que o ‘debate democrático é enriquecido pela verdade’. “Cubatão não se envergonha de seu passado, pois ele foi o alicerce para construir um presente do qual o Brasil se orgulha e um futuro sustentável que continuamos a edificar”, concluiu.