Michel Teló revisita hits da música brasileira em novo álbum e quer voltar para a Baixada Santista
Por Beatriz Pires em 19/05/2025 às 11:00

Famoso por hits como Ai Se Eu Te Pego, Fugidinha e Humilde Residência, Michel Teló embarca em um novo projeto musical. O Sertanejinho do Teló estreou, na última quinta-feira (15), em todas as plataformas digitais e traz uma mistura surpreendente de estilos em versões pout-pourri de grandes nomes da música brasileira.
São dez faixas neste primeiro volume — que promete ser apenas o começo de uma nova fase. A proposta é apostar em algo novo e descontraído, com tom familiar, reunindo clássicos da música nacional em versões leves e bem-humoradas. No repertório, canções que marcaram gerações, como as de Cássia Eller, Raul Seixas, Leandro & Leonardo, entre outros ídolos de Teló, além de uma faixa inédita.
Entre os destaques estão Entre Tapas e Beijos e Você Virou Saudade, um encontro musical de Leandro & Leonardo com Só Pra Contrariar, no ritmo sertanejo característico de Teló. Outros pout-pourris incluem Meu Erro, do Paralamas do Sucesso, O Sol, de Vitor Kley, e até Romance e Seu Astral, em homenagem a duplas como Humberto & Ronaldo e Jorge & Mateus. A faixa Se Eu Tô Querendo Ir marca a estreia da canção inédita do artista neste lançamento.
Em entrevista ao Santa Portal, Michel Teló falou sobre as inspirações para o projeto, próximos passos da carreira, família e até uma possível visita à Baixada Santista com seu novo show.
O Sertanejinho do Teló reúne releituras de músicas brasileiras que fazem parte da rotina de muita gente, seja em momentos de lazer ou nas tarefas do dia a dia. Como surgiu a ideia de transformar essas canções em um projeto musical?
O projeto nasceu justamente disso — das reuniões que a gente costuma fazer aqui em casa, daqueles encontros cheios de música com a família, com os amigos… São momentos que acontecem com frequência, seja em confraternizações ao longo do ano com a equipe, ou em dias comuns que viram festa. A gente pega os instrumentos, começa a tocar, cantar de tudo um pouco, de todos os estilos, sem compromisso, só pra dançar, dar risada e curtir o momento.
Em uma dessas ocasiões, eu parei e pensei: “Poxa, por que não registrar isso? Gravar essa bagunça boa que a gente faz aqui, esse clima tão leve e verdadeiro?”. E foi aí que a ideia tomou forma. Reuni a família, chamei a minha turminha, e nos juntamos pra cantar e celebrar a música com um repertório completamente aleatório, do jeitinho que acontece nas nossas rodas.
São músicas que a gente não costuma imaginar juntas, mas que funcionaram super bem nesse formato. Como foi o processo de escolher e montar essa setlist tão diversa?
Foi algo que aconteceu de forma muito natural, sem grandes pretensões. Um dia pensei: “Vou gravar algumas coisas de outros estilos, só pra ver no que dá”. Quando eu era criança, adorava ouvir Raul Seixas, sempre tive um carinho especial pelas músicas dele. Então comecei a tocar algumas e percebi que dava aquele swing, que encaixava bem, ficava divertido, com uma energia boa.
Aí me veio a ideia: “Qual música posso misturar com Raul?”. Peguei papel e caneta e fiz uma lista com várias canções que sempre curti ouvir, músicas que marcaram momentos da minha vida, mesmo sendo de estilos bem diferentes.
A primeira tentativa foi misturar Metamorfose Ambulante com uma do Bob Marley, mas não rolou como eu esperava. Depois veio Anna Júlia, dos Los Hermanos, e aí sim, funcionou, bateu aquela vibe boa.
A partir daí, tudo foi guiado pela sensação. Chamei minha banda aqui pra casa, montamos tudo na garagem e começamos a tocar. Sem roteiro, sem pressão. Foi tudo muito espontâneo, do jeitinho que a gente gosta.
De todas as músicas que você tocou — incluindo as inéditas — qual delas tem um lugar especial no seu coração? Ou qual você acha que o público vai se identificar mais?
É muito difícil escolher só uma. Convite de Casamento tem meu coração. Anna Júlia também ficou muito bacana. Paralamas é outra que gosto demais. E ainda tem algumas que vão ser lançadas, como Por Um Minuto, do Bruno & Marrone, que entra nessa vibe de ansiedade boa, de expectativa.
O projeto está realmente muito divertido. A gente fez tudo de forma muito fluida, natural, com a família junto. E minha família é tudo pra mim. É uma turma superanimada, que adora se reunir, estar junto — e é uma família grande! Minha mãe tem 12 irmãos, meu pai também tem 12. Então, dá pra imaginar como foi animado. Ficou com uma energia leve, alegre, e eu espero de verdade que as pessoas sintam isso ao ouvir.
Por que dividiu esse projeto em duas partes? Já tem uma previsão para a segunda parte?
Na verdade, tem mais algumas partes além dessas duas. A gente está lançando agora dez faixas, e a ideia é soltar mais seis no próximo lançamento e depois mais seis no seguinte. No total, são cerca de 25 músicas. A gente estava reunido com a família, com os amigos, fazendo aquela bagunça boa, e decidimos registrar. Foi tão gostoso o processo que, quando vimos, já tinha muita coisa gravada.
A divisão em etapas veio justamente por isso — pra não entregar tudo de uma vez só. Assim, vamos criando aquele suspense bom. E também é uma forma de prolongar essa alegria, essa energia que foi tão boa de viver durante a gravação. A próxima leva deve sair em breve, a gente está ajustando os detalhes, mas posso garantir que vem mais coisa boa por aí.
Esse álbum mistura muitos estilos e referências. Dá pra sentir que tem muita coisa que te acompanhou ao longo da vida. Quais artistas e gêneros mais marcaram a sua trajetória — e como essas influências aparecem nesse projeto?
Tem muito, viu? Tem várias canções aí, de grandes nomes da música sertaneja que me influenciaram demais. Leonardo, Zezé Di Camargo & Luciano, Chitãozinho & Xororó, Gian & Giovani, Rick & Renner… Essa galera toda faz parte da minha base. Bruno & Marrone também estão nesse grupo — eles têm um estilo único, uma entrega muito forte, e tudo isso me marcou bastante.
A gente falou da história do Raul Seixas, por exemplo. Ouvia muito quando era criança, achava incrível. Paralamas do Sucesso também me influenciou bastante, com essa pegada mais pop rock, com muita percussão, com um som muito vivo. Até É o Tchan entrou nessa.
É isso: o álbum é uma grande celebração. É uma resenha, um encontro de família, e essas referências todas foram surgindo de forma espontânea, natural. Cada música carrega um pedacinho da minha história.
Você sempre demonstra ser muito ligado à família, e nesse projeto contou com a participação da sua esposa e dos seus filhos. Eles já demonstraram interesse pela música?
Sim, com certeza. Até em show de talentos no colégio eles participaram. A gente deixa, é uma coisa muito natural, muito orgânica. Deixamos eles muito tranquilos com relação a isso, a gente não impõe algo assim. Sentimos que cada vez mais eles mostram interesse. Mas talento é perceptível que eles têm, dá pra ver, e isso é muito bonito de acompanhar. Eles têm mostrado e falado cada vez mais desse interesse, comentam, se empolgam com música. Então, é algo natural, porque não é algo tão simples, é uma carreira intensa, que exige muita dedicação.
Então a gente ainda está administrando isso, com calma, sempre priorizando que a música ainda tem que ser, para eles, uma diversão. Eles vão adquirindo os próprios gostos aos poucos, cada um no seu tempo. Aqui em casa, cada um gosta de um estilo: o Teodoro gosta muito de rock, lógico que ele gosta de sertanejo, ele canta de tudo aqui, mas vejo que ele curte o pop rock, tem essa pegada. A Melinda gosta muito de pop. Vive cantando Katy Perry, Taylor Swift, ela gosta bastante desse universo mais pop. Então isso tudo faz muito parte da playlist deles, e a gente vai abrindo esse universo para que eles se encontrem, para que descubram o que realmente gostam.
Agora, voltando para o álbum, você sente que esse projeto é uma forma de homenagear grandes nomes do sertanejo e de outros ritmos da música brasileira?
Esses caras, esses nomes que gravei, merecem muito mais, todas as honras, porque os caras são meus ídolos. Mas humildemente, sim, poder gravá-los, poder lembrar de músicas que fizeram parte da trilha sonora da minha vida, de vários estilos diferentes, é sim, humildemente falando, uma forma de homenageá-los e dizer que eles alcançaram o meu coração e a minha vida através da música.
Conheço quase todos que gravei, já tive a oportunidade de encontrar com eles, de trocar ideia, e é realmente muito especial. Me sinto muito abençoado por isso. Desde É o Tchan, Paralamas, e todos do sertanejo que fizeram parte da minha formação musical. É muito especial e, ao mesmo tempo, engraçado pensar nisso.
Imagina só, um menino lá do Mato Grosso do Sul, tocando sertanejo com vaneirão, com música gaúcha, de repente estar do lado, cantando e conhecendo todos os seus ídolos. Realmente, me sinto muito abençoado por tudo isso que estou vivendo.
Você pensa em transformar o Sertanejinho do Teló em um show e rodar o Brasil com esse projeto? Quem sabe até trazer para a Baixada Santista — Santos, Praia Grande, Guarujá…
Tô com saudade dessa região aí, viu? Tô precisando voltar pra matar a saudade mesmo. A última vez que estive por perto foi em Ilhabela, acho que já faz um ano ou até mais. Mas tô querendo muito voltar aí pra Baixada, que é uma região que sempre me acolheu com muito carinho, com um público super caloroso.
E sim, tenho vontade sim de transformar o Sertanejinho do Teló em um show, levar esse projeto pra estrada. A ideia é justamente essa: como é um trabalho bem intimista, com essa pegada familiar que a gente teve durante as gravações, precisa de um espaço que combine com essa vibe. A gente pretende lançar alguns shows, sentir como o público reage, ver como tudo se encaixa.
E, de coração, eu torço pra que a resposta da galera seja muito positiva, pra que a gente possa sair rodando o Brasil todo — e claro, passar por Santos, Praia Grande, Guarujá… seria uma alegria enorme levar esse projeto pra aí também.
A gente pode esperar algum hit da sua carreira em versão repaginada nas próximas edições do Sertanejinho?
Olha, vou te falar: nesse projeto não gravei nenhuma música minha, nenhum dos meus sucessos. Só peguei canções de outros artistas, do meu tempo, do Grupo Tradição na verdade.
Teve um momento bem legal quando a Thaís e as crianças estavam comigo no palco. O Teodoro pegou o microfone e começou a puxar uma música. Na hora, pedi para a banda aumentar o tom, porque o meu tom é mais grave, e o deles é mais agudo. E quando percebi, a Melinda e o Teodoro estavam cantando Ai Se Eu Te Pego no palco — foi muito especial, um momento que ficou marcado.
Não sei se isso vai entrar no álbum, mas, com certeza, foi um momento muito especial mesmo. Acho que posso postar esse registro nas redes sociais.
Você tem mais de dez anos de carreira, acompanhei uma parte disso. Queria muito saber o que você, Michel, de agora, falaria para o Michel lá do começo da carreira.
Olha, diria pra ele: se diverte com a música, do jeitinho que você tá fazendo. Continua assim, está tudo certo. Curte a caminhada, porque ela é cheia de desafios, de muita luta, mas também de muita coisa boa.
Falaria pra ele relaxar um pouco mais, confiar no processo. Graças a Deus, sempre consegui curtir o caminho, aproveitar cada etapa, mesmo nas dificuldades. Então, o recado seria esse: continua se dedicando, trabalhando com amor, que as coisas vão acontecer — e, mais do que isso, vão acontecer de uma forma muito maior do que você pode imaginar.