Santista Estevão Souz contracena com Miguel Falabella em versão de clássico da Broadway
Por Maria Clara Pasqualeto em 10/06/2025 às 06:00

O ator e bailarino santista Estevão Souz é uma das estrelas do elenco de Uma Coisa Engraçada Aconteceu no Caminho do Fórum, musical de sucesso da Broadway que ganhou sua primeira versão brasileira. Trabalhando ao lado de Miguel Falabella, Souz classifica a experiência como “incrível e gratificante”.
Convivência de Estevão Souz com o teatro e formação na Baixada
Segundo o bailarino, toda a sua formação teatral foi realizada enquanto estava na Baixada Santista. Apesar de ter presenciado muitos desafios, ele menciona que se orgulha deste fato.
“Toda a minha formação foi na Baixada Santista. E falo isso com orgulho porque quando me perguntam, posso falar um pouco das minhas origens e como foi difícil abrir caminhos. Sempre quis fazer teatro, mas sendo de uma família classe média, do Guarujá, extremamente evangélica, isso precisa ser muito distante. Tive muitas experiências amadores no teatro, na dança até então. E a música fez parte da minha vida desde a infância devido a igreja. Mas precisava buscar algo mais profissional”.
Devido a sua paixão crescente pela arte, Souz começou com projetos amadores, mas conta que precisou ter um foco profissional. A sua carreira começou a se desenvolver em 2012, quando ele tinha apenas 20 anos.
“Coloco 2012 como a virada da minha vida e o início da minha carreira. Eu ia completar 20 anos de idade e comecei a tomar decisões na minha vida que, graças a Deus, foram uma mais acertada que a outra. O primeiro passo, naquele ano, foi buscar a formação na dança. Fui acolhido pelo espaço Silia e Ceci de Santos, que me deu toda a base que eu precisava. Depois, entrei para o projeto que, sem dúvidas, foi o maior divisor de águas da minha vida: o Coral Broadway Voices, em Santos, também do maestro Fernando Pompeu. Ali, eu realmente me descobri um cantor e foi minha faculdade, minha pós, meu mestrado sobre o estudo do teatro musical”.
Contato com a peça
Com um vasto estudo artístico, Souz explica que, na realidade, já conhecia o Uma Coisa Engraçada Aconteceu no Caminho do Fórum, antes mesmo de participar da encenação brasileira do musical.
“Sempre estudei muito sobre teatro musical clássico. Essa peça é da década de 60. E quando comecei meus estudos em canto, um professor me passou a música principal desse espetáculo para estudar e colocar no meu repertório. Daí fui atrás para conhecer melhor sobre a peça e estudar todo o roteiro. Eu sempre gosto de pegar referência em filmes, livros e montagens anteriores das obras. Pra conhecer e entender a narrativa”.
Apesar do conhecimento já prévio, o bailarino ressalta que, ainda assim, diversas preparações e adaptações foram necessárias.
“Essa peça tem um filme clássico de 1964. Porém, o meu personagem não está presente nele, foi apenas inserido na peça. Então, a preparação incluiu comandos da nossa direção. Ela pediu que tivéssemos uma presença bem física, bem corporal, inspirada nos grandes dançarinos da década de 40, pois é um espetáculo caricato e mambembe”.
Durante o seu período em palco, o artista destaca sua experiência e, inclusive, amor que sente por seu trabalho.
“Quando você está na plateia, você enxerga o espetáculo de fora. Quando você está nos bastidores, entende que aquilo é um trabalho como outro qualquer. Às vezes, perde um pouco da magia. Mas, nessa peça, percebo que realmente amo muito o que faço, porque não consigo entregar e nem exigir de mim nada menos que perfeição. Sou muito crítico comigo mesmo. Até um pouco cruel, às vezes. Mas acho que tem que ser assim. O público está pagando para ver um entretenimento feito com excelência. E é isso que sempre penso em entregar”.
Após o término da temporada em São Paulo, no último domingo, a equipe do espetáculo irá se dirigir à Brasília e realizar o musical em dois finais de semanas. “É muito legal porque produções desse porte quase nunca viajam devido ao grande custo e estrutura do espetáculo. Gostaríamos muito de fazer outras cidades, inclusive, alguma da Baixada Santista. Mas sem previsão”, explica Souz.
Trabalho com Miguel Falabella
De acordo com Estevão Souz, o musical é seu terceiro trabalho junto de Falabella. Além disso, o bailarino destaca estereótipos falsos que, muitas vezes, são criados sobre artistas renomados.
“Nós temos a visão desses grandes artistas (que já são lendas vivas, na minha opinião) como se fossem ‘pessoas intocáveis’. Mas quando você conhece eles nos bastidores, não é bem assim. Ele é ‘super gente’ como todos nós, que fica hiper a vontade entre os amigos. E, para ele, estar no palco é uma grande diversão. Ele tem uma energia muito solar e faz piada com qualquer coisa. Então, não me sinto intimidado estando com ele em cena. Pelo contrário. Ele é muito generoso em dividir o holofote com você para que a história seja contada”.