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Cubatão recebe intervenção gratuita de grafite e música no 'Domingo no Parque'

Por Santa Portal em 13/07/2025 às 07:00

Divulgação
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O Parque Linear, em Cubatão, recebe uma atividade que incentiva jovens e adultos a espalhar arte por todos os cantos, utilizando as técnicas do grafite – um dos principais elementos do hip-hop, manifestação cultural revolucionária originada nas periferias dos Estados Unidos, territórios constituídos majoritariamente por pessoas negras e latinas.

Trata-se de uma intervenção do projeto “Do Cordel ao Hip-Hop”, idealizado pela professora de História, arte-educadora e realizadora cultural Helicleia Ribeiro, realizado através do Edital ProAC nº 14/2024 (Eixo Fortalecimento da Cultura Hip-Hop), com o aporte da Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativa do Governo do Estado de São Paulo.

Durante o evento gratuito e aberto ao público geral, as artistas e grafiteiras Laila, Laisa e Vevss farão um mural coletivo no local, a partir de suas criações autorais, evidenciando o protagonismo de mulheres e pessoas LGBTI+ neste movimento marcado pela forte presença masculina.

“Essa é a minha vivência do dia a dia. Eu acho que esse lance [da predominância masculina] dentro da cultura hip-hop — assim como em outras culturas, não só do underground — são um pouco limitantes. A gente sempre tá no corre, e quando a gente gosta de alguma coisa, quer aquilo, a gente sempre dá um jeito de fazer acontecer. É instintivo e a gente é selvagem”, conta a artista plástica e ilustradora Vevss.

Sua relação com a arte é visceral e, em suas criações, dá vida a personas coloridas em estado de meditação, utilizando a força simbólica do terceiro olho como expressão de consciência e sensibilidade, que exalta a potência feminina, a espiritualidade e a ancestralidade ao longo de sua caminhada como artista independente, mulher negra e mãe solo.

Nas encruzilhadas da vida e das ruas, arte e maternidade se encontram. Assim como Vevss, Laila também é mãe e mais uma artista que se comunica por meio do grafite e demais expressões. Estudante de Letras, atua em projetos de leitura para pessoas privadas de liberdade e é idealizadora do projeto “Shot de Leitura” — iniciativa que incentiva a leitura de autoras negras nas periferias de Santos.

“Estar na rua pintando é marcar um espaço de resistência e fortalecimento coletivo, para que outras pessoas possam se enxergar como sujeitos protagonistas da sua história e possam entender, também, a transformação que o coletivo pode mover a favor dos nossos direitos dentro da dinâmica de poder capitalista”, explica.

O EVENTO

Na ocasião, o público terá a oportunidade de acompanhar o processo que transforma estruturas de concreto, gesso e massa corrida em verdadeiras obras de arte repletas de poesia, com o auxílio de tintas em spray e demais materiais utilizados na produção do grafite.

Neste cenário, a música também tem seu espaço: como parte dos elementos da cultura hip-hop, o DJ é peça fundamental para a difusão deste movimento, no qual as técnicas da mixagem se misturam ao talento destes profissionais — que são muito mais que “tocadores de playlist”. São a base para composições de rap, funk e suas vertentes, e dão o ritmo para a prática do break, “a dança das ruas”.

Ronildo Marinho, mais conhecido como DJ Bebo, é representante ativo da cultura hip-hop desde 2015 e cofundador da Casa do Hip Hop de Cubatão. Ele acredita que o movimento tem o compromisso de resgatar vidas e que ser DJ também tem essa particularidade.

“Me sinto honrado em fazer parte dessa cultura que me restaurou e tem me restaurado. Poder levar o som e a informação dessa vertente é um grande privilégio. Meu set vai ter bastante cordel, black music e R&B. Vai ser lindo, é só colar”, finaliza.

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